Minhas Férias com Patrick

Minhas Férias com Patrick arranca risadas gostosas, muitas. É raro comédias descompromissadas como essa cativarem público e crítica, a ponto de concorrer a 8 prêmios César, o Oscar francês, e vencer na cobiçada categoria de melhor atriz. Laure Calamy (Donas da Bola) faz humor com naturalidade, inclusive físico, com uma personagem que flerta sem medo com o tragicômico.

Seu nome é Antoinette Lapouge. Professora de escola infantil, ela tem um caso com Vladimir (Benjamin Lavernhe, Amor à Segunda Vista), pai de uma de suas alunas. Os amantes planejam passar uma semana romântica nas férias de verão, mas, na última hora, ele avisa que a esposa marcou viagem na mesma data e não tem como escapar. Frustrada e um tantinho desmiolada, Antoinette decide ir atrás e parte para Cevenas, uma região montanhosa no centro-sul da França que abriga um Parque Nacional.

A natureza ali é linda e os turistas costumam fazer longas caminhadas pelas trilhas. A que Antoinette reservou dura seis dias. São cerca de 20 quilômetros diários para fechar o percurso. No pacote, para ajudá-la no transporte, ela incluiu um jumento, Patrick. Minhas Férias com Patrick é inspirado no livro Viagem com um Burro pelas Cevenas, do escocês Robert Louis Stevenson, publicado em 1879. O autor de clássicos como O Médico e o Monstro e A Ilha do Tesouro narrou a própria aventura pelas Cevenas ao lado de uma burrinha, Modestine.

O que a diretora e roteirista Caroline Vignal faz é adaptar e atualizar a experiência do romancista, e encaixá-la na pendenga amorosa de sua protagonista. Através das pessoas que ela conhece no caminho, a diretora traça um delicado painel da mulher no mundo atual, ainda em busca de emancipação e respeito. A relação entre Antoinette e Patrick é fora de série. Começa no estranhamento e ela passa por todo tipo de apuro até conseguir controlar o animal. Quando Patrick baixa a guarda, os dois viram companheiros de viagem. Há comédia e lirismo nessa troca e, no fim das contas, o burrico vira “confidente” da professorinha.

A trama esquenta quando finalmente se deparam com Vladimir, a esposa e a filha. O desenrolar dessa encruzilhada é hilário, comovente é pé no chão. Minhas Férias com Patrick encontra seu encanto no singelo, no contato com a natureza e no perfil delicado dessa mulher que empreende uma jornada física e emocional. Antoinette pena para domar Patrick, mas na medida em que toma as rédeas do animal, começa a fazer o mesmo com a própria vida. Tudo isso, claro, com muito humor.

Ficha Técnica

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