Lost Girls – Os Crimes de Long Island

Em 2010, o desaparecimento de uma garota de programa, Shannan, num condomínio de luxo de Long Island, região nobre e afastada de Nova York, levou à descoberta de mais de uma dezena de mulheres vítimas de um serial killer longevo e discreto. Apesar de algumas pistas apontarem para um morador, um médico repulsivo, o criminoso até hoje não foi identificado. Pelo menos esse é o relato de Lost Girls – Os Crimes de Long Island, adaptado do livro do jornalista e escritor Robert Kolker.

Duas vezes indicada ao Oscar, a documentarista Liz Garbus (Quem Matou Garrett Phillips?) leva esse drama real para a ficção, a partir do roteiro de Michael Werwie (Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal). A principal narradora é a mãe de Shannan, Mari Gilbert (Amy Ryan, Querido Menino), que se tornou uma ativista em defesa de vítimas de desaparecimento e de suas famílias. Não fosse sua determinada insistência em encontrar a filha, viva ou morta, lutando contra o descaso e a incompetência da polícia, além do preconceito pelo fato de Shannan ser garota de programa, os crimes não seriam descobertos.

Foi Mari quem descobriu o chamado que Shannan fez para a polícia, de madrugada, pedindo socorro de um condomínio em Long Island, área nobre e afastada da cidade, mas nada foi feito a tempo. Dormer (Gabriel Byrne, Hereditário), o arredio chefe da investigação, sabe menos do que Mari sobre as pistas. Mesmo quando faz o mínimo, acaba descobrindo corpos de quatro garotas enterrados próximo ao local. As famílias delas se juntam à de Mari para uma vigília à espera de respostas. As irmãs de Shannan, a adolescente Sherre (Thomasin McKenzie, Jojo Rabbit) e a caçula Sarra (Oona Laurence, Nocaute), que sofre de distúrbios emocionais, se apegam ao grupo, especialmente à irmã de uma das vítimas, Kim (Lola Kirke, Sem Rumo), também garota de programa.

O filme se equilibra numa corda bamba ao privilegiar o ponto de vista de Mari, obviamente subjetivo. É um thriller psicológico sobre o embate com a polícia e a solidariedade dessas sofridas mulheres. Uma estratégia arriscada, que se justifica no desfecho impactante, apesar dos efeitos colaterais e do ritmo acelerado que chegam a comprometer a verossimilhança da história. A imprecisão da relação entre Mari e Shannan trava a trama em várias situações, e não ajuda a despertar empatia pela protagonista. No Festival de Sundance, muito se comentou que Lost Girls – Os Crimes de Long Island seria mais adequado para o formato de minissérie. Talvez.

Ficha Técnica

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