Edifício Gagarine

As primeiras imagens são de arquivo e mostram o famoso astronauta russo Iuri Gagarin na inauguração do conjunto habitacional batizado Gagarine em sua homenagem. Daquele 1963 para cá, o complexo de 370 apartamentos em Ivry-sur-Seine, no subúrbio de Paris, se deteriorou de tal forma que a única solução parece ser a retirada dos moradores para demolição.

Um dos residentes é Youri (Alseni Bathily), de 16 anos, que vive em um apartamento sozinho desde que a mãe se mudou para a casa do namorado. Fascinado por viagens espaciais, ele sabe tudo sobre astronautas e sonha se tornar um. Seu porto seguro, porém, é Gagarine. Youri não tem para onde ir e assume para si a missão de fazer reparos no prédio antes dos inspetores darem o veredito final. O melhor amigo Houssan (Jamil McCraven) e Diana (Lyna Khoudri, Papicha), a garota de quem gosta, são seus cúmplices na aventura.

Quando o inevitável acontece e os residentes abandonam o lugar, Youri se isola e transforma alguns apartamentos em sua cápsula espacial, com direito a estufa de plantas e sistema de aquecimento. Gagarine é envolto em um lirismo metafórico. O protagonista resiste em um mundo próprio e onírico, mas não consegue impedir que a realidade bata à porta.

O casal de diretores e roteiristas Fanny Liatard e Jérémy Trouilh estreia no longa-metragem inspirado pelo curta de mesmo nome. Gagarine é um drama social, sim, mas poético e esperançoso. Fanny e Trouilh têm fé no ser humano, na empatia e na solidariedade. A mensagem universal, atemporal e para todas as idades levou a produção para a seleção oficial do Festival de Cannes 2020, na categoria Primeiro Filme. É sobre esse projeto muito humano que a dupla fala na entrevista a seguir. 

Ficha Técnica

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