domingo, 01 de junho de 2025
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Dilili em Paris


Dilili em Paris
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Vencedora do prêmio César 2019 (o Oscar francês) de melhor animação, Dilili em Paris é mais uma preciosa criação do veterano Michel Ocelot, que nos brindou com a franquia Kiriku e As Aventuras de Azur e Asmar. O cineasta faz filmes lúdicos, para a família, mas não abre mão de tocar em temas densos. Na trama ambientada na Belle Époque há aventura e mistério, mas também inclusão, denúncia e muita, mas muita cultura.

Tudo é visto pelos olhos de Dilili, desenvolta garotinha órfã que embarcou às escondidas em um navio rumo a Paris, desgostosa com o tratamento recebido de seu povo canaco, da Nova Caledônia, possessão francesa no Oceano Pacífico. No navio, ela torna-se protegida da educadora e revolucionária anarquista francesa Louise Michel (1830-1905), que lhe ensina o bom francês e os bons modos. Na abertura do filme, Dilili interpreta a si mesma na encenação ao ar livre do modo de vida dos canacos, no belo parque com a Torre Eiffel ao fundo. Na plateia do que se chamava “zoológico humano” estava a nobreza, que tratava os negros como espécie primitiva.

Dilili em Paris

Ali Dilili conhece o jovem Orel, que faz entregas em seu triciclo, e lhe oferece carona para conhecer a verdadeira Paris. A capital anda agitada pelas manchetes dos jornais sobre novos sequestros de garotinhas parisienses, assumidos pelos sinistros Mestres do Mal. A valente aventureira e seu parceiro, bem relacionado e defensor da justiça, decidem solucionar o mistério. Ocelot lança mão de uma artimanha usada com maestria por Woody Allen em Meia-Noite em Paris, que colocou o escritor interpretado por Owen Wilson em contato com a nata artística e intelectual da Paris do fim do século 19 e início dos anos 1920.  

Na sua arriscada jornada investigatória, Dilili e Orel vão receber ajuda de grandes intelectuais, artistas, escritores e cientistas da vida real, abrigados então na Cidade das Luzes e sua ilustre vanguarda cultural. A atriz Sarah Bernhardt, os pintores Claude Monet, Auguste Renoir, Picasso e Toulouse Lautrec, o escritor Marcel Proust, o comediante e bailarino Chocolate, os cientistas Louis Pasteur e Madame Curie, o compositor Claude Debussy e a cantora lírica Emma Calvé são todos interlocutores da dupla, além do nosso Santos Dumont, que tem um papel decisivo na trama.

Dilili em Paris

Michel Ocelot combina registros na sua adorável narrativa, em que Dilili, Orel e a belíssima Paris são os protagonistas. Os personagens parecem desenhados à mão, mas foram animados em computação gráfica. Ao fundo, há imagens deslumbrantes, às vezes fotográficas, às vezes animadas, de monumentos e bairros icônicos como a Torre Eiffel, a catedral Notre-Dame, a basílica de Sacré Coeur, o cabaré Moulin Rouge, o bairro Montmartre.

A uma certa altura, Dilili reclama que, por ser mestiça (descendente de franceses e canacos), era rejeitada pelos habitantes de seu país por ter a pele clara demais, enquanto na França sofre preconceito por ter a pele escura. Além da intolerância racial, Dilili em Paris aborda de maneira impactante a opressão à mulher, e não à toa apresenta a cultura como a grande chave para libertar as meninas, Dilili e a sociedade dos Mestres do Mal. A animação de Michel Ocelot tornou-se embaixadora da Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Mais um motivo para assistir em família. 




Trailer

Ficha Técnica

Título: Dilili em Paris/Dilili à Paris
Direção: Michel Ocelot
Duração: 95 minutos

País de Produção/Ano: França/Bélgica/Alemanha, 2018
Elenco: Com as vozes originais de Prunelle Charles-Ambron, Enzo Ratsito, Natalie Dessay
Distribuição: Imovision

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Fátima Gigliotti

Fátima Gigliotti

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Cinéfila incorrigível, jornalista, editora, professora (não muito), crítica (chatinha) de cinema e audiovisual. Trabalhou no jornal A Folha de São Paulo, na coleção Cinemateca Veja, nas revistas TVA, Ver Vídeo, Set, Querida e Preview.