Compramos um Zoológico

São Francisco de Assis é querido até por quem não é assim lá tão católico. No dia do santo padroeiro dos animais, 4 de outubro, celebra-se os animais, claro, mas também a natureza. Que tal então fazer a festa tripla com toda a família, Matt Damon (Ford vs Ferrari) e Scarlett Johansson (História de um Casamento) assistindo à simpática dramédia Compramos um Zoológico? Em Hollywood, a história real da recuperação da família britânica Mee, entrelaçada com a do Dartmoor Zoological Park, situado no condado de Devon, Inglaterra, foi transportada para terras californianas pelo diretor e corroteirista Cameron Crowe.

Cineasta bissexto vencedor do Oscar de melhor roteiro com o autobiográfico Quase Famosos (2000), Crowe é um narrador de histórias de superação e segundas chances. Tem domínio privilegiado da linguagem e da estética do cinema, além de sempre estar bem acompanhado de ótimo elenco e trilha sonora, como em Jerry Maguire – A Grande Virada (1996), Vanilla Sky (2001) e Tudo Acontece em Elizabethtown (2005). A receita também dá certo na adaptação da autobiográfica do jornalista britânico Benjamin Mee, Compramos um zoológico: A história verídica de um zoológico arruinado e dos duzentos animais que mudaram uma família para sempre.

Apesar de estar sempre envolvido em aventuras nas suas reportagens, Benjamin Mee (Damon) não estava preparado para a precoce viuvez e a educação-solo do adolescente rebelde Dylan (Colin Ford) e da pequenina e graciosa Rosie (Maggie Elizabeth Jones). Decide recomeçar a vida à frente de um zoológico em dificuldades, que acolhe também a sua nova casa, embora não entenda nada de animais. Mas a equipe reduzida, embora bravamente dedicada do zoológico, liderada por Kelly Foster (Scarlett), dá a ele e sua família todo o apoio.

Na época do lançamento, um crítico inglês lamentou a mudança dramatúrgica de endereço do zoológico inglês, ainda em funcionamento aliás, mas escreveu que era necessário admirar a qualidade da adaptação, “um filme que a Disney faria se ainda soubesse como”. Cameron Crowe soube vestir o luto, a coragem e o esforço para seguir em frente com a leveza, as cores e a energia dos animais e da natureza, desviando delicadamente dos clichês do gênero, sem perder emoção. De fato, um feito. Que São Francisco de Assis proteja nosso planeta, hoje e sempre.

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