Barrabás

Para quem não conhece a épica história bíblica, Barrabás foi um assassino julgado por Pôncio Pilatos junto com Jesus. Na época da Páscoa, era tradição o governador romano soltar um judeu da prisão e sua intenção era libertar Jesus, capturado após a traição de Judas, o discípulo que revelou seu esconderijo. Pilatos defendeu o nazareno, mas voltou atrás e “lavou as mãos” quando a multidão clamou pela crucificação de Cristo e exigiu a soltura do notório criminoso Barrabás. E assim foi. Richard Fleischer recriou esse episódio no cinema em Barrabás (1961), uma coprodução entre Estados Unidos e Itália estrelada por nomes como Anthony Quinn, Silvana Mangano, Arthur Kennedy e Ernest Borgnine.

A nova versão – olha que inusitado – vem da Rússia! Barrabás acompanha uma tendência recente do cinema, de focar nos coadjuvantes da saga de Jesus Cristo. Há pouco tivemos Maria Madalena (2018), com Rooney Mara como a discípula que testemunhou a crucificação de Jesus e foi a primeira a vê-lo ressuscitado, e Ressureição (2016), que tem Joseph Fiennes na pele de Clavius, o tribuno romano que abreviou o sofrimento de Jesus na cruz ao perfurá-lo com a lança. É bom deixar claro, porém, que a liberdade poética fala alto em todos os três filmes.

A trama segue os passos seguintes de Barrabás, que decide ele próprio desvendar o fascínio crescente ao redor da figura de Jesus. Um conhecedor da Bíblia que nos acompanhou na sessão para a imprensa apontou algumas forçadas do roteiro, como debitar a culpa da delação de Judas em sua irmã fogosa e manipuladora, que seria objeto de desejo de Barrabás. Ou então o encontro de Barrabás com o carpinteiro José, pai de Jesus, que diz não ter tido relação carnal com Maria – a própria Bíblia indica que Cristo teria quatro irmãos. Enfim, encare Barrabás como um produção histórica romanceada, com reconstituição de época sem glamour (o que é bom) e um elenco decente. Mas é só.

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