Antonia - Uma Sinfonia

É emocionante, e revoltante, a história da holandesa Antonia Brico (1902-1989), a primeira mulher a reger as filarmônicas de Berlim e Nova York. A diretora e roteirista Maria Peters floreia a narrativa com altas doses de ficção, mas Antonia é uma mulher fora de série e a atriz Christianne de Bruijn assume com garra o papel.

Começa na Nova York de 1926, quando a jovem imigrante estudava piano e sonhava ser maestrina. Só o mencionar desse desejo já provocava risos, e o descrédito desaforado vinha tanto de homens quanto de mulheres. Um abusivo professor de piano é apenas um dos desafios desse período, que inclui o emprego na banda de um cabaré, onde ela faz um grande amigo. O apoio em casa era nulo e o enredo traz revelações sobre seus pais que a motivam a voltar sozinha para a Holanda. E não só para investigar suas origens, mas para convencer o renomado maestro Willem Mengelberg (Gijs Scholten van Aschat, Máquina de Guerra) a lhe ensinar a arte da regência.

Antonia deixa para trás um grande amor, o aristocrata Frank Thomsen (Benjamin Wainwright, Além das Palavras), que estava pronto a enfrentar a ira da mãe esnobe para se casar com a proletária. Ela sabia, porém, que casamento e filhos sepultariam seus planos musicais. No estilo Cinderela à avessas, a trama romântica não convence e alonga uma narrativa que bate 2 horas de duração. A cineasta usa subterfúgios desse tipo para erguer uma saga, embora sua protagonista não precise de adereços.

A forma como desbrava um universo exclusivamente masculino é uma epopeia, e o filme acerta ao ressaltar que nem o sucesso e as vitórias facilitaram sua carreira – isso causa revolta. No fim das contas, Antonia – Uma Sinfonia pode até abusar da licença poética para agradar ao grande público, mas Antonia, a maestrina, é um exemplo de perseverança. Os créditos finais dão detalhes notáveis de sua atuação na formação de mulheres musicistas.  

Ficha Técnica

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