Verão de 84

Há filmes que imitam clássicos do gênero, outros que os celebram e reverenciam e ainda aqueles que se inspiram nos sucessos baseados nos clássicos. Há um pouco de tudo isso em Verão de 84, thriller que invoca algo de Janela Indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock, e faz lembrar Paranoia (2007), com Shia LaBeouf, e Super-8 (2011), de J.J. Abrahams. Numa conversa na “casa da árvore” de um dos quatro protagonistas adolescentes, ficamos sabendo que Gremlins (1984) está sendo exibido no cinema da cidade.

Mas algo mais está acontecendo por lá – um serial killer envia uma carta para a polícia local confessando mais de uma dezena de assassinatos de crianças e adolescentes. Enquanto a investigação e a caça ao criminoso começam, Davey (Graham Verchere, The Good Doctor: O Bom Doutor), obcecado por histórias policialescas, desconfia que seu vizinho no tranquilo subúrbio em que mora, Mackey (Rich Sommer, das séries Mad Men e Glow), um policial solitário e simpático, é o principal suspeito.

Como são as tediosas férias de verão de 1984, Davey convoca seus melhores amigos para uma detalhada investigação. O gordinho simpático Woody (Caleb Emery, Goosebumps - Monstros e Arrepios), o estudioso Farraday (Cory Gruter-Andrew) e Eats (Judah Lewis, Crônicas de Natal), que só pensa “naquilo”, sob o comando de Davey, passam semanas coletando supostas provas e informações. Enquanto isso, a ex-babá de Davey sofre com a separação dos pais, e Woody e Eats lidam com suas famílias disfuncionais.

Como reza a cartilha do gênero, o roteiro consegue dissimular fatos e injetar imaginação para garantir o suspense, que os diretores François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell (do premiado Turbo Kid) encenam com competência e extraem boa performance do elenco. No projeto de mimetizar a estética da produção mais marcante da década, o que faz com louvor, o filme desacelera o ritmo da narrativa, e esse é o seu grande trunfo – mergulhar o espectador na nostalgia da puberdade feita de brincadeiras de esconde-esconde ao ar livre, livros, telefones de fio, revistas pornô, e de tempos talvez menos atribulados, no mundo e no cinema, mas com um desfecho angustiante e soturno, bem dos tempos atuais.

Ficha Técnica

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