Trem-Bala

Quem notou as roupas coloridas e os animados pulos de Brad Pitt nas imagens das pré-estreias de Trem-Bala pelo mundo já percebeu: o astro está em fase iluminada. Como bem disse em entrevista à revista GQ Brasil: “A alegria tem sido uma nova descoberta”. A hilária participação em Cidade Perdida, ao lado de Sandra Bullock e Channing Tatum, foi só o começo. O humor impera na adaptação do best-seller homônimo do japonês Kôtarô Isaka. Pitt é Joaninha, um dos assassinos que vão se cruzar a bordo de um trem-bala na linha Tóquio-Kioto.

Constantemente amparado pela chefe ao celular (adivinha de quem é a voz!), Joaninha se acha o maior azarado do mundo e mune-se de frases motivacionais para executar sua missão: pegar uma misteriosa maleta. O objeto começa o filme em poder dos gêmeos Limão (Brian Tyree Henry) e Tangerina (Aaron Taylor-Johnson), fãs fanáticos da animação Thomas e Seus Amigos. Estão por ali também os matadores Lobo (o rapper Bad Bunny) e Kimura (Andrew Koji), este último atrás da “garotinha” Prince (Joey King), que teria empurrado o filho dele do alto de um prédio. No decorrer de frenéticos 126 minutos, outros passageiros nada amigáveis embarcam no trem-bala.

Quem comanda a trupe é David Leitch, dublê de Pitt em filmes como Clube da Luta e Troia, cuja carreira de cineasta começou com as sensacionais lutas de Charlize Theron em Atômica. Depois vieram as traquinagens de Ryan Reynolds em Deadpoll 2 e as manobras radicais de Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw. Desta vez, Leitch abraça o espírito bufão de seu protagonista e coreografa lutas no estilo das patetices de Gigantes do Ringue. Trem-Bala é movido a riso e sangue. O elenco é recheado de convidados ilustres, gente da turminha do diretor e parças do ator. Todos em cena rindo com gosto de si mesmos. Não pesquise muito antes da sessão para não estragar as surpresas.

O roteiro de Zak Olkewicz (Rua do Medo: 1978 – Parte 2) é esperto. A narrativa por vezes escapa dos vagões e migra para flashbacks que revelam as razões de cada um estar ali. Os personagens são peças únicas, com personalidade e figurino característicos. Atenção também para a trilha sonora, com versões japonesas para os hits “Stay’in Alive” e “Holding Out for a Hero”. Aos 58 anos, Brad Pitt está com tudo. Em breve encabeça o elenco de Babylon ao lado de Margot Robbie. É o novo filme de Damien Chazelle (La La Land), ambientado na Hollywood dos anos 20, período de transição do cinema mudo para o falado. Promete.

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