Resgate

Filmes de resgate são praticamente um gênero no cinema de ação, e a Netflix acaba de colocar sua produção original Resgate entre os melhores. Esse merecia a telona... Muito à vontade com seu sotaque australiano, Chris Hemsworth (Rush: No Limite da Emoção) faz Tyler Rake, o mercenário escalado para resgatar Ovi (Rudhraksh Jaiswal), filho de um traficante de drogas indiano, sequestrado pelo rival de Bangladesh.

A iraniana Golshifteh Farahani (Filhas do Sol) interpreta a líder do grupo paramilitar e é ela quem avisa Tyler, em plena ação, que deu ruim no pagamento e que precisam ficar com o adolescente até receberem a segunda parcela. Três problemas aí: levar o “pacote” com vida até um ponto de encontro, evitar que ele seja capturado pelo contratante que não quer pagar o combinado, e pela gangue juvenil do gânsgter de Bangladesh, descrita por Tyler como “Goonies do Mal”.

Tyler sabe que a missão é suicida, um detalhe que lhe parece até atraente, porque essa máquina de matar está em um processo de autodestruição regado a álcool. Logo no começo, a imagem embaçada de uma lembrança revela o que pode ser uma criança, ou uma mulher. Ele perdeu alguém e não superou. Na hora do vamos ver, porém, não lhe falta foco. As espetaculares sequências de ação são orquestradas pelo diretor estreante Sam Hargrave. Dublê do Capitão América (Chris Evans) em The Avengers: Os Vingadores e Capitão América 2: O Soldado Invernal, Hargrave logo assumiu a coordenação dos dublês nos filmes da Marvel.

Nos bastidores, fez amizade com Thor/Chris Hemsworth e os dois se uniram para tirar do papel o roteiro de Joe Russo, inspirado na graphic novel Ciudad. A HQ original é ambientada em Cidade do Leste, no Paraguai, e foi escrita por Ande Parks, Joe e seu irmão Anthony. Sim, são os Irmãos Russo, a poderosa dupla de cineastas que ajudou a transformar a saga da Marvel na mais rentável da história do cinema.

Também na produção de Resgate, os Russo trocam o famoso fundo verde e os efeitos especiais pelas ruas atoladas de gente de Dhaka, capital de Bangladesh - as filmagens, na verdade, foram em Ahmedabad, na Índia. Nos raros momentos de respiro, o diretor Hargrave investe em diálogos confessionais entre Tyler e Ovi, que compartilham seus dramas pessoais. A emoção é legítima e faz a gente pensar que está na hora de Chris Hemsworth investir mais em outras searas, além dos thrillers e filmes de ação. Sem spoilers, mas olhos bem abertos na cena final!

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