Os Intocáveis

Brian De Palma completou 80 anos de idade em 11 de setembro de 2020, e 60 anos de carreira, uma dupla comemoração. O cineasta legou à sétima arte preciosidades e sucessos como o horror renovado de Carrie, A Estranha (1976), o suspense hitchcockiano de Vestida para Matar (1980), Um Tiro na Noite (1981) e Dublê de Corpo (1984), a parceria carismática com Al Pacino de Scarface (1983) e O Pagamento Final (1993), a visão traumática de Pecados de Guerra (1989) e a inauguração da franquia milionária de Tom Cruise com Missão: Impossível (1996).

Sua obra-prima, Os Intocáveis (1987), deu o Oscar de melhor ator coadjuvante ao já saudoso Sean Connery (Encontrando Forrester), que faleceu neste 31 de outubro, aos 90 anos. A produção tem sequências inesquecíveis e estabeleceu De Palma como um dos grandes cineastas de sua geração. Inspirado pela série de televisão homônima, baseada no livro de Oscar Fraley e do agente Eliot Ness, protagonista dos fatos e do filme, a produção reuniu um time de ouro nos bastidores: o roteirista David Mamet (Cadete Winslow), o produtor Art Linson (Clube da Luta) e o saudoso compositor italiano Ennio Morricone (Os Oito Odiados).  

Na Chicago de 1930, a crise econômica e a Lei Seca transformaram a cidade num campo de batalha, com o contrabando de bebidas dominado pelo mafioso Al Capone (Robert De Niro, O Irlandês) – amparado por seu violento séquito de “operários”, pela corrupção da polícia e da justiça locais. O agente e bom moço Eliot Ness (Kevin Costner, Estrada Sem Lei), decidido a combater o crime e prender Capone, obviamente não é bem recebido pelo departamento de polícia da cidade. Mas eis que ele forma sua versão particular dos cavaleiros do apocalipse, com o veterano policial irlandês Malone (Connery), o novato bom de tiro George (Andy Garcia, A Mula) e o contador Wallace (Charles Martin Smith).

Desenvolvida no roteiro primoroso de Mamet, a trama é embalada pela trilha inesquecível de Morricone, emoldurada pelos tons quentes da belíssima fotografia, e encenada por um conjunto extraordinário de atores. A direção de Brian De Palma é operística e ele ainda nos brinda, não por acaso, com uma homenagem ao clássico O Encouraçado Potemkin (1925), do russo Sergei M. Eisenstein, reencenando quase milimetricamente a antológica sequência da escadaria, um libelo revolucionário contra a opressão policial e política.

Ficha Técnica

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