O Banqueiro

Bernard Garrett (Anthony Mackie, Seberg Contra Todos) é um gênio autodidata da matemática. Joe Morris (Samuel L. Jackson, Vidro) é um rico empresário, dono de um clube noturno em Los Angeles. Esses dois personagens reais vão fazer história como banqueiros e empreendedores imobiliários afro-americanos, em plenos anos 50 e 60. Como? Com uma boa e secreta fachada: um branco com jeito de quem nasceu em berço de ouro na mesa de negociação. Para isso, treinam o jovem operário Matt Stenier (Nicholas Hoult, A Favorita). O modelo é bem-sucedido na moderna Califórnia, mas quando Garrett decide aplicá-lo em sua conservadora cidade natal texana, Willis, a história é outra.

O linguajar e o mundo de O Banqueiro é esse mesmo, negros e brancos em lados opostos de direitos e privilégios, sobretudo no mundo dos negócios e do acesso a empréstimos para a compra da casa própria num momento de ascensão da classe média negra. Apesar do tema denso e espinhoso, a história verdadeira de Garrett e Morris por si só já seria preciosa, mas o diretor e corroteirista George Nolfi (Os Agentes do Destino) a vestiu de uma elegância irresistível, franca e por vezes até mesmo leve e bem-humorada. A produção é irretocável, com destaque para a reconstituição de época.

A primeira metade do filme narra a história da parceria e do sucesso de Garrett e Morris com ritmo, sagacidade e opulência visual que lembram Onze Homens e um Segredo, sem o roubo, é claro. Depois, o roteiro perde um pouco de fôlego, mas o filme segue mirabolante até o desfecho, com um ótimo entrosamento entre o quarteto principal de atores, incluindo Nia Long (série Empire) como Eunice, a esposa de Garrett.

Parceiros na saga Vingadores, Anthony Mackie e Samuel L. Jackson dão um espetáculo à parte como dois opostos que se atraem. Os diálogos rápidos e perspicazes entre o ingênuo e determinado Garrett e o descolado e desconfiado Morris são um primor, sem amenizar, no entanto, a denúncia retumbante do filme ao racismo e suas consequências nefastas. Ao ponto de Morris se vestir de motorista e Garrett de faxineiro, para acompanhar as reuniões de Stenier com os ricaços à distância. O Banqueiro é a primeira produção da gigante Apple para seu novo canal de streaming, com porte de Oscar, mas a estreia mundial nos cinemas, marcada para novembro, foi adiada por uma denúncia de abuso de um dos produtores, justamente Bernard Garrett Junior, cujo nome foi retirado dos créditos.

Ficha Técnica

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