Encontros

O francês Cédric Klapisch faz um cinema muito característico, em que humor e melancolia andam juntos em histórias sobre a busca da felicidade nas grandes cidades. Barcelona foi o palco de Albergue Espanhol e Nova York o de O Enigma Chinês, mas é por Paris que Klapisch transita mais confortável. A capital francesa se tornou a janela do mundo para o recluso protagonista de Paris e por seus becos desfilaram tipos únicos no divertido O Gato Sumiu.  

Há um gato também na comédia romântica Encontros, e o bichano vai aplacar, pelo menos temporariamente, a solidão dos protagonistas Rémy (François Civil, Amor à Segunda Vista) e Mélanie (Ana Girardot, de Saint Amour: Na Rota do Vinho). As semelhanças com o sucesso argentino Medianeras são grandes. Os personagens não se conhecem e não sabem que são vizinhos de parede. O acaso vai precisar agir para unir esses corações. 

Rémy é meio aéreo, não faz planos, não tem ânimo para sair e conhecer pessoas novas. Mélanie apela para aplicativos de encontros, mas não se entusiasma por seus casos rápidos. Os dois se cruzam constantemente pelas ruas do bairro, mas não se veem. Compram remédios para dormir simultaneamente na mesma farmácia e fazem compras no mercadinho do impagável Mansour (o excelente Simon Abkarian). Estão fechados em si mesmos. Não à toa, acabam no divã.

O enredo se alterna entre o cotidiano de trabalho, vida social e sessões de terapia. Aos poucos, as dores dessa dupla começam a vir à tona e fica claro que enquanto certas pendências familiares e amorosas não forem encaradas, não há espaço para o amor. É previsível, mas qual o problema? O que importa nas comédias românticas não é o final feliz, mas o caminho que leva os pombinhos até ele, e o trajeto de Encontros faz a gente torcer o tempo todo para os olhares de Rémy e Mélanie finalmente se encontrarem.

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