A Caminho da Lua

A memória mais terna que a Fei Fei guarda de sua mãe é ouvi-la contar a história de Chang’e, a Deusa da Lua. Diz a lenda que Chang’e e seu amado Houyi foram separados quando ela tomou uma poção de imortalidade e foi para a Lua, onde vive eternamente à sua espera. Quatro anos após a morte de Ma Ma, a agora adolescente Fei Fei e seu Ba Ba (papai) seguem firme na produção dos bolinhos da Lua que sustentam a família. O problema surge quando o pai lhe apresenta Zhong e o filho Chin, um garotinho pestinha que tem um sapo como pet – o de Fei Fei é uma coelhinha branca.

Indicado ao Oscar 2021 de Melhor Animação, A Caminho da Lua é sobre perdas. A protagonista precisa lidar com o passado para viver bem o presente e abraçar o futuro. Fei Fei não aceita a ideia de o pai gostar de outra mulher, e muito menos de ganhar um irmão. Ela acha que se Ba Ba acreditar que Ghang’e não é um mito, e que isso significa que sua mãe também o espera, ele desistirá de se casar novamente. A partir daí, o roteiro de Audrey Wells (famosa por escrever e dirigir a adaptação do best-seller Sob o Sol da Toscana) entra com os dois pés na fantasia.

Fei Fei constrói um foguete caseiro e parte para a Lua (com Chin escondido na bagagem) atrás de uma prova da existência da Deusa Chang’e. Nesse reino mágico ela se depara com uma rainha popstar, que decide lhe conceder uma prova de vida em troca de um presente, algo que trará seu saudoso Houyi de volta para seus braços. Produzida pela Netflix, A Caminho da Lua é uma aventura colorida e musical, que tem as meninas como alvo certo. Mas o roteiro é ingênuo e a missão lunar é um tantinho cansativa.

O diretor Glen Keane foi indicado ao Oscar pelo curta-animado Dear Basketball, em 2018. Neste seu primeiro longa animado, ele investe no estilo videogame e perde a chance de explorar melhor a milenar cultura oriental, com sua cadência e costumes tão particulares. Ainda assim, são muitos os aprendizados de Fei Fei na Lua. Se a garotada captar as mensagens de superação já está ótimo. Uma nota: A Caminho da Lua é dedicado à roteirista Audrey Weels, que faleceu de câncer em 2018, aos 58 anos.

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