Começa com um animado almoço ao sabor de camarões, e continua com uma confraternização em um iate. As imagens de um grupo de políticos espanhóis reascendem a nossa memória da famosa “Farra dos Guardanapos”, a festinha parisiense liderada pelo então governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, hoje condenado a mais de 200 anos de prisão por corrupção. Quem comanda a lambança com dinheiro público em O Candidato é o popular Manuel López Vidal (Antonio de la Torre, A Trincheira Infinita), que vira bode expiatório do partido durante ofensiva da Operação Amadeos, nos moldes da Lava Jato.

Manuel vai usar sua influência para se manter em pé, mas, se tiver de cair, quer levar a corja toda junto. É muita gente graúda envolvida. Vencedor de 7 prêmios no Goya 2019 (o Oscar espanhol), entre eles melhor diretor, ator e roteiro original, esse vertiginoso thriller político independe de partido, de direita ou esquerda, de lugar e de época. É a corrupção espalhada por todos os escalões. O diretor e coautor do roteiro, Rodrigo Sorogoyen, pede fôlego ao espectador para acompanhar a frenética via crucis do protagonista para tentar virar o jogo.

O Candidato mostra quase em tempo real como até o mais calejado dos picaretas começa a perder o controle quando o cerco se fecha. E o melhor está no final, em um violento confronto verbal entre Manuel e uma jornalista (Bárbara Lennie, Todos Já Sabem), com verdades ditas sobre o jogo de poder que respingam inclusive nos conglomerados de mídia. Mas é a pergunta final dela que vai ficar batucando na cabeça.

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