Trilogia A Escolha Perfeita

Quem podia imaginar que, em plena época de grandes shows de astros e estrelas do rock com toneladas de equipamento de som, bailarinos e luzes, um filme sobre grupos de canto à capela pudesse fazer tanto sucesso? Os executivos da Universal viram o brilho do ouro no livro Pitch Perfect (Escolha Perfeita), do jornalista e ex-editor da badalada revista GQ, Mickey Rapkin, sobre os bastidores dos disputados concursos à capela na América.

Temperar as costumeiras inseguranças dos tempos de faculdade - nesse caso, de garotas tão afinadas no gogó quanto desafinadas na vida - com sucessos da música pop em sedutores arranjos, humor (às vezes de mau gosto, mas ao estilo pastelão americano), uma pitada de romance e uma competição musical, deu tão certo que o projeto tornou-se uma trilogia com mais de US$ 587 milhões arrecadados nas bilheterias em todo o mundo.

Embora a trilha sonora e os números musicais sejam a constante e principal atração da franquia, milhões de dólares em caixa não são necessariamente sinônimo de qualidade. Quer saber por quê? Confira abaixo.

A Escolha Perfeita/Pitch Perfect

Quando estreou em 2012, A Escolha Perfeita foi uma surpresa. Beca (Anna Kendrick), uma caloura descolada e deslocada da Barden University, determinada a se tornar uma grande produtora musical, decide participar da irmandade de garotas dedicadas a cantar à capela no grupo The Barden Bellas, cujo maior rival é o Treblemakers, de vozes masculinas.

O problema é que as Bellas pararam no tempo, sob o comando da reprimida Aubrey (Anna Camp), e vão somando derrotas, até que Beca ganha espaço para mudar a história do grupo. Proibida de se relacionar romanticamente com o inimigo, mesmo assim Beca se envolve com Jesse (Skylar Astin).

São muitos personagens, mas o roteiro investiu em dar-lhes fortes marcas pessoais. O cuidado com os arranjos, a performance dos números musicais e o carisma do elenco principal são o destaque. Elizabeth Banks (Jogos Vorazes) é produtora do filme, além de interpretar uma das comentaristas da competição.

Foi um bom começo. Com orçamento de US$ 17 milhões, A Escolha Perfeita conquistou boas críticas, cerca de US$ 115 milhões nas bilheterias, e transformou as principais atrizes do Bellas e do Treblemakers em celebridades juvenis. Também somou prêmios no MTV Awards e no Teen Choice Awards. A música Cups (Miss Me When I'm Gone), que Beca canta no teste para entrar no The Barden Bellas, chegou à sexta posição na prestigiada lista da Billboard, Hot 100.

Ficha Técnica

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A Escolha Perfeita 2/Pitch Perfect 2

Com tanto frisson em torno do elenco entre o público infantojuvenil, era óbvio que haveria uma continuação. Dessa vez, a atriz Elizabeth Banks aventurou-se a estrear na direção e A Escolha Perfeita 2 ultrapassou o original, com US$ 287 milhões de bilheteria. Teve até  participação especial dos badalados juízes do programa The Voice nos créditos finais. 

No último ano da faculdade, campeão dos três últimos torneios nacionais, o The Barden Bellas virou celebridade nacional, convidado para se apresentar para o presidente dos Estados Unidos. Um incidente transforma a oportunidade num fiasco, as garotas são proibidas de se apresentar, e decidem participar de um torneio internacional com rivais praticamente invencíveis, sobretudo os alemães do Das Sound Machine.

Além de Hailee Steinfeld (Bumblebee, Bravura Indômita) e as novas integrantes do Bellas, nada muda essencialmente no roteiro. Os bons números musicais, mais ousados e complexos até, não compensam a ausência de romance que, no primeiro filme, equilibrava o humor de gosto duvidoso, que agora trouxe inclusive piadas perigosamente nacionalistas, preconceituosas e levianas.

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A Escolha Perfeita 3/Pitch Perfect 3

Após a formatura, as garotas que cantavam à capela no grupo The Barden Bellas estão tão insatisfeitas na vida adulta quanto distantes entre si. Até que a oportunidade de participar de uma turnê para soldados norte-americanos baseados na Europa provoca a reunião das Bellas – é uma competição para ser o próximo talento produzido pelo famoso DJ Khaled. Só que dessa vez os grupos usam instrumentos, um grande desafio para The Bellas, mas nem tanto para a protagonista, Beca (Anna Kendrick).

Para esse terceiro filme, Mike White (Escola do Rock) fez dupla com a roteirista dos dois anteriores, Kay Cannon (das séries 30 Rock), e Elizabeth Banks cedeu a cadeira de diretora para a coreógrafa e cineasta Trish Sie (Ela Dança, Eu Danço 5: Tudo ou Nada). Não deu muito certo, apesar dos US$ 185 milhões de bilheteria.

A Escolha Perfeita 3 arrisca até algumas cenas de ação para inovar a fórmula repetida, mas o roteiro se perde em histórias e personagens demais para tramas de menosl. Ressalvados, como sempre, a trilha sonora e os números musicais. Para (literalmente) fechar a trilogia, a versão das Bellas para o clássico “Freedom”, de George Michael, filmada no último dia de gravação do filme, entrega emoção autêntica.

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