A Toda Velocidade

Disputas nas estradas ou nas pistas sempre provocam aquela adrenalina do suspense, do risco, da aventura que nos deixam colados na poltrona - ou no sofá. Quando combinadas com um bem traçado drama ou o humor fanfarrão da testosterona colocada à prova, agradam ainda mais.

Foi assim, com velocidade, exuberância e drama, que Rush: No Limite da Emoção conquistou e continua conquistando o coração do público, fãs de automobilismo ou não. No centro da trama está a histórica rixa do campeonato de Fórmula 1 de 1976, entre o piloto inglês James Hunt, papel do Thor Chris Hemsworth, e o austríaco Niki Lauda (o germano-hispânico Daniel Brühl).

Já no divertido spin-off Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw, embora a inesperada dupla de brucutus Hobbs (Dwayne Johnson) e Shaw (Jason Statham), sempre afiada nas piadas e gozações mútuas, não esteja o tempo todo sobre rodas para salvar o mundo, tudo sempre acaba em motores, corridas e perseguições.

Vai ficar fora da aventura? Pisa fundo no acelerador, digo, clica no botão da sua operadora de streaming e divirta-se.   

Rush: No Limite da Emoção/Rush

Rush: No Limite da Emoção recebeu o BAFTA (o Oscar inglês) de melhor edição e duas indicações ao Globo de Ouro, de melhor filme e ator coadjuvante para Daniel Brühl (7 Dias em Entebbe), entre 63 indicações na temporada de premiações de 2014. Mesmo assim, é pouco face às muitas qualidades da produção sobre a acirrada disputa na temporada 1976 da Fórmula 1, entre o piloto inglês James Hunt (Chris Hemsworth, MIB: Homens de Preto – Internacional) e o austríaco Niki Lauda (Brühl).

Baseado em fatos, o talentoso roteirista Peter Morgan (Frost/Nixon, série The Crown) criou uma história de rivalidade e amizade, heroísmo e medo, disciplina e ousadia de dois apaixonantes personagens. E o faz com a maestria de nunca julgá-los, mas apresentá-los em toda a sua emoção e complexidade. Sempre firme na batuta, o diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante) entrega um eletrizante filme de ação com sequências históricas de disputa nas pistas, diálogos de consistente teor dramático fora delas, e a reconstituição do terrível acidente e da dolorosa recuperação de Lauda.  

Mais do que contar com uma equipe de produção impecável, eficientes efeitos especiais e a trilha sonora sempre impactante de Hans Zimmer (Dunkirk), o cineasta investe no talento e carisma de seus protagonistas. Como o simpático piloto impulsivo, indisciplinado, playboy e mulherengo, Chris Hemsworth tem uma de suas melhores performances no papel de James Hunt. Também é assim para Daniel Brühl como Niki Lauda (que aprovou o filme, deu entrevistas na época do lançamento e faleceu em maio de 2019), com suas regras, seu rigor, sua timidez e seu apego ao sucesso financeiro que a Fórmula 1 poderia lhe trazer.

É difícil explicar o encanto que Rush: No Limite da Emoção desperta, mesmo em quem não curte automobilismo. Arrisco dizer que o filme, como todo grande filme, transcende a história na tela e transforma em arquétipos seus personagens, para falar com o James Hunt livre e aventureiro, e o Niki Lauda responsável e disciplinado, que todos temos dentro de nós.

Ficha Técnica

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Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw/Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw

Dwayne Johnson entrou na franquia Velozes & Furiosos no episódio 5, Operação Rio (2011). Seu personagem, o agente Luke Hobbs, tem a missão de prender Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua equipe, mas acaba integrado à família. Jason Statham foi o grande vilão de Velozes & Furiosos 7, na pele de Deckard Shaw, ex-militar e mercenário britânico, que pretende vingar a morte do irmão Owen (Luke Evans) na parte 6. Em Velozes 8, Shaw é escalado para ajudar o time de Loretto no combate à hacker vivida por Charlize Theron.

Com estilos totalmente opostos, o brucutu Hobbs e o refinado Shaw esbanjaram sintonia como antagonistas unidos na marra para salvar o mundo. Na base da provocação, com piadas maldosas e pancadaria classe A, a dupla dinâmica injetou tamanha energia na série que a ideia de um spin-off tomou forma rapidinho. Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw tem no comando David Leitch, produtor da trilogia John Wick e diretor de Atômica e Deadpool 2 – ou seja, sabe tudo de filmes de ação. O roteiro de Chris Morgan (autor de quase toda a saga Velozes & Furiosos), porém, é uma bobagem nada inventiva.]

A ameaça de ataque terrorista com vírus mortal já deu dor de cabeça para Jack Bauer na série 24 Horas e serviu de mote até para Missão: Impossível 2. Lembram do Quimera, que a personagem de Thandie Newton injeta em si mesma? Pois é justamente essa a atitude da agente inglesa Hattie (Vanessa Kirby, da série The Crown), para evitar que o vilão tome posse do vírus que derrete órgãos e pode exterminar metade da população em poucos dias. Escalados pela CIA e pelo MI6, os heróis são obrigados a trabalhar juntos para achar a moça que, detalhe, é irmã caçula de Shaw. O bad guy da vez é Brixton (Idris Elba, mais másculo do que nunca), um soldado aprimorado geneticamente a quem Hobbs logo apelida de Superman Negro.

Haja cenas de ação para fazer esse fiapo de trama render as mais de duas horas de filme. A boa notícia é que as sequências são espetaculares. Fãs de Velozes e Furiosos não têm do que reclamar. No confronto final, veículos possantes protagonizam o mais apoteótico cabo de guerra dos últimos tempos. É ao valorizar a família, porém, que Hobbs & Shaw mantém a essência da saga original. Sim, porque Hellen Mirren está de volta como a mamãe de Deckard e Hattie, e Hobbs tem bons momentos com a filha, além de fazer um retorno estratégico à terra natal, Samoa, na Polinésia.

Mais: há duas participações muito especiais e tem cenas pós-crédito!

POR SUZANA UCHÔA ITIBERÊ

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