Wasp Network: Rede de Espiões

As credenciais da mais recente coprodução internacional do brasileiro Rodrigo Teixeira, com sua premiada produtora RT Features, não podiam ser melhores. Selecionado para a competição oficial do Festival de Cinema de Veneza, Wasp Network: Rede de Espiões abriu a Mostra Internacional de Cinema de SP, ambos em 2019, e só não foi lançada na telona pelo advento da pandemia e do fechamento mundial dos cinemas.

O livro-reportagem de Fernando Morais (Olga), Os Últimos Soldados da Guerra Fria, ganhou roteiro e direção do prestigiado cineasta francês Olivier Assayas (Vidas Duplas), rica produção com cintilantes locações em Cuba e Miami, e um elenco latino de tirar o fôlego. Os cinco papéis principais são interpretados pelo venezuelano Édgar Ramírez, com quem Assayas já havia trabalhado na premiada minissérie Carlos, O Chacal, o mexicano Gael García Bernal (Estás Me Matando Susana), a espanhola Penélope Cruz (Todos Já Sabem), e a dupla afinada de Sergio, nosso Wagner Moura e a cubana Ana de Armas.

O filme começa nos anos 1990, com a fuga dos pilotos Rene Gonzalez (Ramírez) e Juan Pablo Roque (Moura) de Cuba para a Flórida, nos Estados Unidos, onde são cooptados por um dos líderes do movimento de democratização do país de Fidel Castro, fragilizado com o declínio da União Soviética e enfraquecido com os constantes embargos econômicos do governo americano por mais de três décadas. Rene sofre com a separação da esposa Olga (Penélope) e de sua filha, e Juan Pablo tem um casamento pomposo com Ana (Ana). Os dois ajudam a resgatar outros fugitivos de balsas e barcos improvisados no mar, entre outras ações, além de prestarem serviços ocasionais para o FBI. 

Wasp Network, ou Rede Vespa, é o nome da operação secreta de contraespionagem, realizada pelo governo cubano na Flórida nessa mesma década, chefiada por Gerardo Hernandez (García Bernal). O objetivo era se infiltrar no movimento anticastrista dos exilados e impedir ataques terroristas a Cuba. O diretor Assayas adiciona ação e reviravoltas no jogo de estratégias. A narrativa vai e volta no tempo e valoriza o carismático elenco, apesar da construção falha de alguns personagens, sobretudo o Juan Pablo de Wagner Moura.

Assayas cria a textura típica do gênero de espionagem que tem no agente 007 de James Bond seu ícone mais marcante. Mas seu filme não é eletrizante ou magnético, justamente porque se isenta de tomar partido no complexo e duradouro conflito político entre os dois países ou mesmo no drama ético desses últimos soldados da Guerra Fria, como Fernando Morais os identificou depois de um extenso trabalho de pesquisa, endossado na produção com imagens documentais de Bill Clinton e Fidel Castro.

Ficha Técnica

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