Varilux 2022: Os Jovens Amantes

São 73 anos de vida, 46 dedicados ao cinema e ao teatro. Musa de François Truffaut e diva internacional, a francesa Fanny Ardant tem mantido uma média de dois filmes por ano. Um dos mais recentes é Os Jovens Amantes, atração do Festival Varilux de Cinema Francês, que segue até 6 de julho. Shauna, a protagonista, é mãe, avó, viúva e profissional bem-sucedida. Há 15 anos, ela trocou olhares com Pierre (Melvil Poupaud), 24 anos mais novo, médico e melhor amigo do filho da paciente que visitava no hospital. Se Shauna lamentava a iminente perda da amiga, Pierre enfrentava o luto pela perda de um filho recém-nascido.

Dizer que a dor mútua criou a conexão é procurar explicação para o inexplicável. Porque o reencontro desses dois, tanto tempo depois sem nenhum contato, é arrebatador. A diretora Carine Tardieu examina a relação com maturidade e lucidez acerca do preconceito que ela suscita. “Se dissesse a meu produtor que era a história de uma jovem e um homem mais velho, ele diria 'e então o que acontece?', porque seria banal”, diz a cineasta em conversa com OQVER (veja o vídeo). A própria Shauna julga-se moralmente por se apaixonar na terceira idade. Mas são as reações de Jeanne (Cécile de France), mulher de Pierre, que elevam a trama dramaticamente. “A jornada da esposa é feita em várias etapas”, explica.

Um amor como esse, tão genuíno quanto inusitado, marcou a vida da mãe da diretora e roteirista Sólveig Anspach, que chegou a escrever um esboço do roteiro. Carine tomou para si a missão de desenvolver o projeto e levá-lo ao cinema diante da morte precoce de Sólveig em 2015, de câncer, aos 54 anos. Uma doença também abala os personagens em cena, mas Os Jovens Amantes se recusa a abraçar o dramalhão. Melhor assim. A seguir, a cineasta revela como conteve a ansiedade ao trabalhar com Fanny Ardant.

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