Troco em Dobro

Em 2013, Mark Wahlberg e o diretor Peter Berg rodaram juntos O Grande Herói, sucesso de crítica e público, além de pontapé inicial de uma parceria que rendeu também Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016), O Dia do Atentado (2016) e 22 Millhas (2018) – com o astro sempre na pele de um tipo heroico. Pois a quinta colaboração da dupla, primeira para a Netflix, calibra a usual ação e violência com dose extra de humor.

Spenser, o protagonista, saiu das páginas da série literária que ganha seu nome, escrita por Robert B. Parker (1932-2010) e adaptada como seriado de TV nos anos 80. A trama dessa versão explora a típica rotina policial do bem vs policial do mal. Spenser (Mark Wahlberg) obviamente é do bem, mas, boxeador nas horas vagas, solta o braço sem dó em quem sai da linha. É o que faz logo no início com seu superior, que o deixa revoltado pela relapsa investigação de um assassinato. Resultado: 5 anos de prisão.

Ele sai da cadeia decidido a trocar Boston pelo Arizona, volta para seu quarto na casa do ex-treinador de boxe, Henry (Alan Arkin, série The Kominsky Method), agora também ocupado pelo novo pupilo, o gigante de bom coração Hawke (Winston Duke, Nós). Na seara doméstica há também a namorada Cissy (Iliza Shlesinger, De Repente Uma Família), uma fera de mulher. Spenser mal retoma a vida quando seu antigo chefe e um jovem policial aparecem mortos. Ele tem esse instinto incontrolável de ajudar os outros, e vai mexer com gente graúda para limpar o nome do tira novato, acusado de corrupção.

O enredo é previsível do início ao fim, mas os personagens são cativantes e divertidamente idiossincráticos. Além de uma hilária sequência de ataque canino, Berg orquestra animadas cenas de luta, mas exagera na violência gráfica, que destoa do tom geral. A receita de Troco em Dobro não é original, mas tem sabor e o desfecho indica que Spenser deve continuar na ativa na telinha da Netflix.

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