Todos Já Sabem

O cineasta iraniano Asghar Farhadi tem duas obras-primas em sua seleta filmografia de 8 longas-metragens: A Separação (2011) e O Apartamento (2016), ambos premiados com o Oscar de filme estrangeiro. Com roteiros também de sua autoria, Farhadi cria microcosmos familiares para esmiuçar – e agigantar – a cultura, a moral, os costumes, os preconceitos, qualidades e defeitos de seu país. É magistral no desenho dos personagens e se apega a um detalhe que já se tornou sua marca: a revelação final.

Em O Passado (2013), ele trocou o Irã pela França, o farsi pelo francês. Mesmo no estrangeiro, porém, manteve o elo com seu universo através de um dos protagonistas, um iraniano que abandona a esposa francesa e os dois filhos para voltar à terra natal. O que nos leva a Todos Já Sabem. Tem se aqui uma coprodução entre Espanha, Itália e França, ambientada em uma cidadela rural nos arredores de Madri e estrelada por ninguém menos que o casal espanhol Penélope Cruz e Javier Bardem, e o astro argentino Ricardo Darín.

Farhadi escreveu uma autêntica história latina – na língua, nas cores quentes, no calor humano, nos ânimos exaltados, no figurino, no enredo novelesco. Começa com a chegada de Laura (Penélope Cruz) ao vilarejo espanhol. Afastada da família por morar em Buenos Aires, ela retorna ao lar para celebrar o casamento da irmã. Seu marido, Alejandro (Ricardo Darín), ficou na Argentina, mas ela traz o casal de filhos. A mais velha é adolescente, Irene (Carla Campra).

Durante a festa, a família é golpeada por um sequestro, e a partir daí Farhadi explora os signos do suspense. Envolve seus protagonistas em uma rede de segredos e mentiras, disputas de terra e – como manda a cartilha latina – amores complicados. Todos Já Sabem é mais um atestado do talento do cineasta. Farhadi segura a tensão até a revelação final e deixa seu elenco estelar brilhar à vontade. Mas há algo valioso que se perde: o sabor iraniano.

Ficha Técnica

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