The English Game

Quem está com saudade de torcer pelo seu time nos estádios pode ficar decepcionado com The English Game, já que os seis episódios da minissérie britânica trata mais dos bastidores do futebol do que das disputas em campo, embora elas aconteçam. Mesmo assim, é muito interessante acompanhar, na Inglaterra do final do século 19, os primeiros passos desse esporte que se tornou paixão mundial.

Vencedor do Oscar de roteiro por Assassinato em Gosford Park e criador da premiada série Downton Abbey, o roteirista e produtor Julian Fellowes volta a abordar a luta de classes em seu novo drama histórico. Desta vez, elucida a profissionalização do futebol no país, critica a excessiva monetização atual, e ainda resgata a origem da acirrada rivalidade entre times e torcidas inglesas, que perduram até hoje. Em 1879, o futebol era amador e os times formados por atletas da classe alta, frequentadores das universidades aristocratas do sul da Inglaterra. O Old Etonians era o grande vencedor da Copa FA (Associação do Futebol), cujo capitão era lorde Arthur Kinnaird (Edward Holcroft, Kingsman: O Círculo Dourado).

Essa supremacia é ameaçada por um pequeno empresário do algodão, James Walsh (Craig Parkinson, As Loucuras de Rose), que contrata dois escoceses para seu time interiorano do norte do país, o Darwen Futebol Clube: os pedreiros Fergus Sutter (Kevin Guthrie, Animais Fantásticos e Onde Habitam) e Jimmy Love (James Harkness, Macbeth: Ambição e Guerra). A artimanha desafiava a regra que proibia a remuneração de jogadores, uma manobra dos ricaços para manter a bola apenas nos seus pés e nos seus campos. Reforçado pelas novas aquisições, o Darwen chega às semifinais da Copa, algo inédito, mas se associa a outro time, o Blackburn Rovers, para fazer frente ao Old Etonians.

Esse arco narrativo é secundário em The English Game. Fiel ao seu estilo, Julian Fellowes privilegia os dramas pessoais, familiares e amorosos dos dois protagonistas, Arthur e Fergus. Com isso, valoriza os papéis femininos da esposa de Arthur, Alma (Charlotte Hope, Aliados), e sobretudo da namorada de Fergus, Martha (Niamh Walsh), mãe-solteira que personifica a exploração sexual das mulheres pelos nobres. A produção capricha na reconstituição de época, com destaque para a fotografia, direção de arte e figurinos, mas não consegue disfarçar o roteiro burocrático e preguiçoso que respinga nas filmagens e no elenco.

Ficha Técnica

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