Sobibor

Em 18 meses de funcionamento, de abril de 1942 a outubro de 1943, cerca de 300 mil judeus foram mortos no campo de extermínio Sobibor, na Polônia oriental. Lá ocorreu a única fuga em massa de prisioneiros de campos de concentração durante a Segunda Guerra, em 14 de outubro de 1943. Dias depois, o campo foi totalmente destruído, substituído por plantações e sua existência demorou a ser conhecida pela história.

Em 1987, Fuga de Sobibor recebeu o Globo de Ouro de melhor filme ou minissérie de TV, e Rutger Hauer saiu premiado como melhor ator coadjuvante. Em 2018, no aniversário de 75 anos da heroica façanha, o ator russo Konstantin Khabenskiy (Guardiões da Noite) estreou na direção para levar essa história para a telona. Sobibor representou a Rússia no Oscar de filme estrangeiro. 

Escondida no meio da floresta à beira de uma linha de trem, Sobibor recebia trens cheios de judeus. Separados em um grupo de homens e outro de mulheres e crianças, apenas os que tinham um ofício útil no campo eram poupados das câmeras de gás. Já havia um movimento rebelde no campo, comandado por Leon Feldhendler (Dainius Kazlauskas). Mas a chegada de prisioneiros russos, também judeus, com experiência militar, e seu líder, Alexander “Sasha” Pechersky (Khabenskiy), alavancou a fuga de cerca de 300 dos 600 prisioneiros, dos quais menos de 100 sobreviveram.

Apesar da competente reconstituição histórica, atenta aos mínimos detalhes de figurino, maquiagem, cenários, e da ótima fotografia, Khabenskiy trabalhou com um roteiro frágil, adotou um tom exageradamente explícito na narrativa, não indicado para estômagos mais fracos, e carregou nas interpretações. Estes excessos talvez afugentem o espectador de uma história real que merece ecoar ostensivamente como um alerta da desumanidade a que podemos chegar quando a intolerância impera. 

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