Sem Rumo

Neste 25 de julho, comemora-se o Dia do Escritor, então vamos celebrar a data com um lançamento sobre autores e livros. Mas faria diferença se o título nacional do filme de estreia da badalada jornalista e escritora Emma Forrest fosse fiel ao original, algo como Em Pedaços (Untogether). Seria uma apresentação mais justa não apenas da obra, mas do trabalho da novata cineasta, que reúne um elenco estelar.

Emma Forrest foi garota-prodígio: aos 16 anos já era crítica de música respeitada em Londres, aos 22 publicou seu primeiro e elogiado romance, e com o autobiográfico Sua Voz Dentro de Mim confirmou o talento nas letras. Há aqui e ali um quê de suas memórias no roteiro de Sem Rumo, que ela também assina. Os mundos e as referências do filme são aqueles por onde Emma circula desde cedo, o showbiz da música e do cinema, o glamour da literatura. Como suas protagonistas, a diretora tem raízes judaicas e um invejável repertório musical, impresso na trilha sonora.

A londrina Andrea (Jemina Kirke, da série Girls) lança um romance de sucesso aos 23 anos. Após controlar o uso de heroína, vai viver com a irmã caçula Tara (Lola Kirke, da série Mozart in the Jungle) em Los Angeles, em busca de inspiração e novos ares. Ali encontra Nick (Jamie Dornan, da trilogia Cinquenta Tons de Cinza), que se tornou autor best-seller ao narrar sua experiência como médico voluntário e, de quebra, a história de um amor perdido em Gaza. Os dois não querem compromisso, só se divertir.

Andrea e Tara são filhas de um rockstar, que deixou para a filha mais velha o vício e para a mais nova muito afeto. Tara, que é massoterapeuta, vive com o roqueiro aposentado Martin (Ben Mendelsohn, de Capitã Marvel), bem mais velho que ela, mas interessa-se por um rabino politizado (Billy Cristal, de Uma Família em Apuros) e casado, ainda mais velho que Martin.  É do cotidiano das irmãs e dos entremeios de suas vidas e amores que a cineasta tece sua trama, sobretudo, de reencontros e encontros.

Falta ainda à Emma a afinidade com a linguagem cinematográfica. Mas ela retira performances sólidas do comprometido elenco – as irmãs, também na vida real, Jemina e Lola, Jamie Dornan em estilo anti-Christian Grey, o veterano e sempre adorável Billy Crystal, e Ben Mendelsohn, que durante as filmagens estava em processo de separação da diretora. Tanto Emma quanto seus personagens assumem suas imperfeições, sua incompletude e contradições, mas estão em movimento, em busca de um caminho. Talvez seja por isso que, durante a terna sequência final, eu, simplesmente, sorri.

Ficha Técnica

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