Pânico

“De alguma forma, filmes de terror te levam em um passeio de montanha-russa.” As palavras são de Wes Craven. Pânico é isso, um parque de diversões para os fãs do slasher e da franquia, que acaba de estrear o quinto capítulo 25 anos depois do original. Morto de câncer em 2015 e também criador da cinessérie A Hora do Pesadelo, Craven deu vida aos personagens criados por Kevin Williamson e dirigiu os quatro filmes, lançados em 1996, 1997, 2000 e 2011. Com Williamson na produção executiva, quem exalta o legado de Craven são quatro pupilos do cineasta: os roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick, e os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, os três últimos parceiros em Casamento Sangrento.

O maior dos acertos? Trazer de volta as estrelas originais, Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, como a heroína Sidney Prescott, a jornalista Gale Weathers e o policial Dewey Riley. Eles vão unir forças com a nova geração de Woodsboro para caçar o psicopata que está por trás da máscara de Ghostface desta vez. Até a jovem Tara (Jenna Ortega) ser brutalmente atacada na sequência inicial, os jovens encaravam o rastro de sangue na crônica policial local apenas como fonte de inspiração para uma franquia cinematográfica chamada Stab (Facada). A brincadeira metalinguística funciona não só como celebração, mas para situar os não iniciados. Um dos jogos macabros do vilão é justamente um quiz sobre os filmes anteriores.

A protagonista é Sam (Melissa Barrera), irmã de Tara, que vive afastada por um trauma do passado e vem acudir a caçula acompanhada pelo namorado, Richie (Jack Quaid). Para ajudar Sam a desvendar a identidade de Ghostface, Richie maratona a franquia Stab. A dupla segue a cartilha do gênero e coloca os amigos de Tara como principais suspeitos, entre eles a melhor amiga Amber (Mikey Madison), os gêmeos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Wes (Dylan Minnette), que tem uma queda por Tara. Não faltam pistas falsas para deixar o público atiçado, mas a trama esquenta mesmo quando Sidney, Gale e Dewey entram em ação.

O novo confronto é banhado pelo humor com que Wes Craven revolucionou o gênero. Os sanguinários Ghostface e Freddy Krueger, de A Hora do Pesadelo, cometem assassinatos brutais, mas são guiados por um sarcasmo que de certa forma atenua a violência absurda. Não à toa, os irmãos Keenen, Shawn e Marlon Waynas lucraram milhões com a paródia Todo Mundo em Pânico, que também já está na quinta parte. Pânico revigora a saga de Ghostface. Com boa dose de riso, ok, mas sem abrir mão do primordial, suspense enervante e sustos aos borbotões.

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