Os Descendentes

Alexander Payne integra um restrito panteão de cineastas artesãos de personagens, Clint Eastwood entre eles. As histórias que escreve com criatividade e primor servem de terreno para esmiuçar pessoas aparentemente comuns, confrontradas por situações nem sempre corriqueiras. Maestro sensível e malabarista perspicaz entre o drama e a comédia, Payne arrancou atuações irretocáveis de Jack Nicholson em As Confissões de Schmidt, de Paul Giamatti em Sideways: Entre Umas e Outras, e de Reese Witherspoon em Eleição.

A performance de George Clooney em Os Descendentes lhe rendeu o Globo de Ouro e a indicação ao Oscar – o filme levou o Globo de Ouro de melhor drama e o Oscar de roteiro adaptado. Seu personagem é um empresário que se divide entre os cuidados com a mulher (em coma após um acidente), a educação das duas filhas e um contrato milionário que está para fechar. Não bastasse a situação complicada, ele descobre algo que torna sua visão da vida ainda mais turva.

Esse redemoinho de acontecimentos se desenrola em uma grande cidade do Havaí, um cenário exótico que dá charme e leveza aos momentos mais dramáticos. Um dos costumes havaianos bem retratados em Os Descendentes é a regra de tirar os sapatos antes de entrar em casa – agora medida fundamental no combate ao coronavírus. As camisas floridas também são destaque, inclusive em reuniões de negócio.

Payne trabalha esses elementos inusitados com um humor agridoce, sem jamais perder o foco nos personagens. A rebelde filha mais velha do protagonista é interpretada por Shailene Woodley, que concorreu ao Globo de Ouro de coadjuvante neste seu primeiro papel de destaque no cinema. Pouco depois, alçou para a fama em A Culpa é das Estrelas e na saga Divergente. A cena em que fala algumas verdade doídas ao pai é um momento de ouro. 

Ficha Técnica

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