Obsessão

Primeiro, é preciso lembrar que o irlandês Neil Jordan construiu uma carreira sólida de quase 40 anos, com filmes incríveis e premiados como Mona Lisa (1986), Traídos pelo Desejo (1992), Entrevista Com o Vampiro (1994), Michael Collins, o Preço da Liberdade (19967) e o belíssimo Fim de Caso (1999). Grande parte deles tem no elenco Stephen Rea, colaborador constante.

Jordan é o tipo do cineasta para o qual os atores se oferecem para trabalhar, e em Obsessão é a vez de duas grandes atrizes de diferentes gerações: Isabelle Huppert (Elle) e Chloë Grace Moretz (Deixe-me Entrar). A diva francesa é a Greta do título original, uma viúva solitária que forma laços com Frances (Chloë), a jovem que leva até sua casa a bolsa que havia esquecido dentro de um vagão do metrô nova-iorquino.

Vinda de Boston e em luto pela morte recente da mãe, Frances mora com uma amiga enquanto tenta a vida na Big Apple. A amizade com Greta, portanto, parece um valioso ponto de apoio, uma relação maternal até. Mas eis que a moça faz uma bizarra descoberta e tenta se afastar, mas aí é tarde demais. A linha narrativa aqui é a da psicopata em franco assédio à sua próxima vítima. O problema é a sutileza zero do cineasta, que derrapa no caricato enquanto tinha em mãos material para um bom suspense psicológico.

Há inúmeras cenas inverossímeis e Frances é pintada como uma jovem bobinha, ingênua demais para quem vem de uma cidade cosmopolita como Boston. Stephen Rea marca presença como um detetive particular, e seu confronto com Greta é constrangedor e risível. Salvam-se alguns sustos, mas Neil Jordan pode discretamente apagar essa peça da sua  filmografia.

Ficha Técnica

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