O Favorito

Em 1987, o nome do senador Gary Hart era considerado aposta certa para representar o partido Democrata na eleição presidencial do ano seguinte, que escolheria o sucessor do republicano Ronald Reagan. O Favorito começa cheio de energia, com a movimentação nos bastidores da campanha e também da imprensa, que o seguia de perto. Hugh Jackman (O Rei do Show) assume o protagonista, que viu a chance de ser o líder da nação ir para o ralo por um motivo nada nobre: adultério.

A narrativa não tem pressa em chegar ao X da questão. Jason Reitman é um diretor/autor que preza especialmente por seus personagens. Basta lembrar das atuações de George Clooney e Vera Farmiga em Amor Sem Escalas ou de Charlize Theron em Jovens Adultos e Tully. Vera Farmiga, por sinal, faz a esposa de Hart, e o elenco ainda inclui J.K. Simmons (Whiplash) e Alfred Molina (Frida). É ótimo ver Hugh Jackman em um papel mais intimista, em que a ação está mais nos olhos do que nos músculos.

Seu Gary Hart é sujeito sério, carismático, com ideias modernas e popularidade crescente. O candidato ideal tinha 50 anos quando conheceu Donna Rice (Sara Paxton), de 29 e então representante de vendas, modelo e atriz. O encontro foi durante um passeio de barco e o suposto affair ganhou as manchetes do jornal Miami Herald. Em vez de examinar os efeitos na vida dos envolvidos, o enredo se dispersa ao focar nos desdobramentos políticos, o que compromete a dramaturgia. 

Ao retomar esse escândalo ocorrido 30 anos atrás, Reitman estava com a faca e o queijo na mão: um elenco estelar e uma ótima história. A relação política versus mídia não envelhece e todo mundo gosta de uma polêmica. Desta vez, porém, o diretor foi cerimonioso. Nem a conhecida foto de Donna no colo do político ele mencionou. O Favorito poupa seu protagonista e essa neutralidade põe muito a perder. Mas vale assistir? Sim. Principalmente por Jackman. 

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