Minimalism: A Doc About the Important Things

De todas as frases sobre dinheiro e felicidade, uma das melhores vem do nosso Machado de Assis: “O dinheiro não traz felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele”. Com isso em mente, é mais fácil enxergar os prós e contras na tese defendida por Ryan Nicodemus e Joshua Fields Millburn em Minimalism: A Documentary About Important Things (Minimalismo: Um Documentário Sobre Coisas Importantes). Os dois melhores amigos fizeram fortuna muito cedo no mundo corporativo, se esbaldaram com o sucesso e então caiu a ficha de que comprar, comprar e comprar não significava felicidade. Uma conclusão um tanto óbvia, mas nem sempre o bom senso fala mais alto.

São as armadilhas da cultura consumista e o antídoto que encontraram que eles expõe aqui. Além dos próprios relatos em tom confessional, a dupla ouve o parecer de neurocientistas e acadêmicos, além de pessoas comuns que revelam como tomaram consciência de que menos pode, sim, ser mais. Em ritmo de road movie, o documentário registra o tour de dez meses que Ryan e Josh fizeram em território americano para divulgar o livro Everything That Remains e o site theminimalists.com. Eles brincam com a falta de público em algumas palestras e admitem a dificuldade de transmitir seus ideais e propor uma mudança de paradigma.

Há soluções de apelo sustentável, como a família que otimiza o espaço do pequeno apartamento com modernas soluções arquitetônicas, ou a executiva que criou o Projeto 333: esvaziar o armário e usar apenas 33 itens (entre roupas e acessórios) por 3 meses. Mas há exemplos de quem adotou a cultura do desapegou em níveis estranhos, como o rapaz que abdicou da própria casa e agora vive pelo mundo como mochileiro sem teto.

É contundente a crítica ao modelo consumista de felicidade. Josh e Ryan endossam suas convicções com imagens dantescas de multidões invadindo lojas na Black Friday, e buscam no mundo pop declarações como a do astro Jim Carrey: “Desejo que todos possam se tornar ricos e famosos, para que percebam que isso não é a resposta”. Minimalism ataca o excessivo apetite por coisas, o poder da propaganda e as redes sociais. Mas também se revela um conceito com sua dose de radicalismo. O desafio continua em pé: encontrar o equilíbrio.

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