Malévola

Ah, a literatura clássica! Fica até difícil pensar que o conto infantil A Bela Adormecida foi escrito no século 17 pelo francês Charles Perrault, e tem embalado a infância de gerações e gerações por séculos. Curiosamente, quando foi lançada, em 1959, a animação da Disney (indicada ao Oscar de Trilha Sonora) não teve o sucesso esperado. Até hoje, porém, a história da princesa Aurora com suas três fadinhas atrapalhadas e a temida Malévola nunca sequer tirou uma soneca do imaginário infantil.

Não seria então arriscado voltar ao clássico desenho para recontá-lo, em live-action, colocando no centro da trama a bruxa má? Bem, se é a Disney que está no comando e Angelina Jolie é Malévola, não. A bilheteria mundial de mais de US$ 750 milhões, com direito a indicação ao Oscar de Figurino, e a badalação geral sobre o glamour e o carisma de Angelina comprovaram o sucesso. Tanto que Malévola: Dona do Mal já está nos cinemas. Boa hora para rever Malévola e conferir todas as referências da sequência.

Na produção de 2014, Malévola não é a bruxa má, e sim a fada mais poderosa de Moors, o exuberante reino natural de criaturas míticas e pacíficas. Quando o grande amor de Malévola lhe corta as majestosas asas num ato vil de traição em troca do trono, ela é tomada pela dor e pelo rancor e amaldiçoa a filha recém-nascida do novo rei ao sono eterno quando sangrar o dedo num tear no dia de seu aniversário de 16 anos. Mas a doce Aurora (Elle Fanning, Espírito Jovem) conquista Malévola desde o primeiro instante, e a fada má cuida da garota como se fosse sua afilhada dileta, até que a verdade vem à tona.

O prodígio de  criar a história de “origem” e reinventar Malévola é principalmente da roteirista Linda Woolverton, colaboradora de longa data da Disney, de megassucessos como O Rei Leão e A Bela e a Fera. Ela deu humanidade à vilã, vigor, carga dramática e ação à história. O estreante na direção Robert Stromberg, vencedor do Oscar de Direção de Arte por Alice no País das Maravilhas (2010) e Avatar (2009), transforma o filme num espetáculo visual e dá ao elenco a oportunidade de brilhar. Mas a Disney talvez tenha se equivocado num quesito, sucesso à parte, porque Malévola é adulto demais para o público infantil, e infantil demais para o público adulto. Melhor então conferir se Malévola: Dona do Mal resolve a charada.

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