Luta por Justiça

Walter McMillian deu uma grande mancada. Teve um caso adúltero com uma mulher também casada. A traição talvez permanecesse na seara famíliar, não fosse ele pobre, negro, morador de uma cidade no Alabama e a moça com quem se envolveu, branca. O escândalo ganhou novos contornos quando uma jovem branca foi morta na região e McMillian foi incriminado e colocado no corredor da morte antes mesmo do julgamento. Nos Estados Unidos, estatísticas apontam que, entre cada 9 executados, 1 era inocente. Esse número alarmante e colossal ampara essa história real, que atesta uma frase do advogado e ativista de direitos civis Bryan Stevenson: “Neste país, você está melhor sendo rico e culpado do que pobre e inocente”.

Luta Pela Justiça é uma adaptação do livro do próprio Stevenson, Compaixão: Uma História de Justiça e Redenção, cuja trajetória deu origem ao documentário Bryan Stevenson: Luta pela Igualdade, disponível na HBO Go. Afro-americano de família simples, ele realizou a façanha de se formar em Harvard e, em vez de trabalhar em uma grande firma, conseguiu verba federal para abrir um escritório no Alabama, um dos estados mais racistas do país. Ali dedicou-se a ajudar gratuitamente condenados à morte, menores de idade em prisões de adultos e presos condenados injustamente.

Michael B. Jordan (Creed: Nascido para Lutar) interpreta o protagonista com uma dignidade e um fervor que faz lembrar Denzel Washington como o advogado que defende o personagem com aids de Tom Hanks em Filadélfia (1993). Na pele de McMillian, Jamie Foxx está intenso como não se via desde Django Livre. As atuações são engajadas, e nem poderia ser diferente, mas não panfletárias. O diretor é o havaiano Destin Daniel Cretton, que completa o elenco com Brie Larson, sua estrela no delicado Castelo de Vidro, e aqui a incansável parceira de Stevenson na Equal Justice Initiative.

A trama aborda ainda mais dois casos, também reais, de companheiros de corredor da morte de McMillian. São histórias de cortar o coração, mesmo que nem sempre os acusados sejam inocentes. Luta por Justiça arranca lágrimas e gera revolta pelos absurdos desvios da justiça, daí uma pessoa idealista, corajosa e determinada como Stevenson merecer ter seus feitos narrados na tela grande.

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