Greyhound: Na Mira do Inimigo

Tom Hanks é mesmo o herói americano por excelência da Hollywood atual, com direito inclusive a se contaminar com Covid-19 logo no início da pandemia global. Recuperou-se bem, e já está causando alvoroço com seu filme mais recente, após a indicação ao Oscar deste ano por Um Lindo Dia na Vizinhança. O thriller de guerra Greyhound: Na Mira do Inimigo engrossa a fila das produções lançadas diretamente nas telinhas em decorrência do fechamento dos cinemas em todo o mundo, com Hanks no papel triplo de produtor, roteirista e protagonista.

O ator retomou o posto no mar de Capitão Phillips com a adaptação de próprio punho do livro O Bom Pastor, de C. S. Forester, escritor inglês famoso por suas histórias navais, ambientadas na Marinha. É o terceiro roteiro de Hanks, depois de The Wonders: O Sonho Não Acabou (1996), sua estreia na direção, e Larry Crowne: O Amor Está de Volta (2011), que também dirigiu. Mas a batuta dessa vez ficou com Aaron Schneider (Segredos de um Funeral), vencedor do Oscar de melhor curta-metragem por Dois Soldados (2003), que surpreende pelo domínio de cena e pela competência de cadenciar o ritmo e o clima de suspense.

Greyhound é o nome da embarcação-líder de um comboio internacional de 37 navios, carregados de tropas e suprimentos para desembarque na Inglaterra em fevereiro de 1942, no auge da Segunda Guerra Mundial. O comboio militar está prestes a passar pelo chamado ‘buraco negro’, única área de navegação ao norte do Oceano Atlântico, de cerca de 50 horas, sem a proteção dos aviões da Força Aérea, por questões climáticas.

O problema é que as forças nazistas também sabem dessa condição, e usam seus poderosos submarinos U-boats para atacar sem perdão os reforços aliados, mesmo sob duras tempestades. Ernest Krause (Hanks) é o capitão do Greyhound, que em sua primeira missão no comando de um destroyer norte-americano, com a ajuda de devotos e desconfiados colaboradores, vai enfrentar tremendas perdas e salvar muitas vidas.

Greyhound: Na Mira do Inimigo, como seu protagonista, é um filme tipicamente norte-americano, para o bem ou para o mal. Krause é o herói imperfeito, religioso, líder amável, mas firme, que se despediu da mulher dos seus sonhos para defender a pátria. O inimigo nazista é sádico e pretexto narrativo tanto para o conflito principal como para enaltecer a grande América salvadora de todas as pátrias. O único membro negro da tripulação do navio de Krause é o cozinheiro Cleveland (Rob Morgan, Luta por Justiça), algo que tem sido aliás muito comentado. Mas o entretenimento garantido está lá, filmado com competência, e joga o espectador no tabuleiro de uma eletrizante partida de Batalha Naval, conduzida por Hanks em seu costumeiro estado de graça. Essa parte, pelo menos, deu vontade de assistir no cinema.

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