Furiosa - Uma Saga Mad Max

O mercado de cinema dá claros sinais de saturação e falta de criatividade. Enquanto os filmes de heróis esgotam todas as possibilidades de fazer dinheiro e a agenda da lacração destrói verdadeiros ícones do passado, a quantidade de sequências ou refilmagens também não é pequena. Para o espectador que anda igualmente saturado, Furiosa - Uma Saga Mad Max, como o título entrega, é uma mescla dos casos acima, mas tem um vigor que o coloca muitos degraus acima da concorrência.

Cerca de 40 anos após o colapso mundial, a pequena Furiosa (Alyla Browne) testemunha a morte da mãe e fica nas mãos de Dementus (Chris Hemsworth), um bárbaro cruel e tolo que comanda uma gangue de motoqueiros. Nesse mundo dividido em tribos, Immortan Joe (Lachy Hulme) lidera a Citadela e os Meninos da Guerra, e mantém boas relações com os habitantes da Fazenda da Bala e da Vila Gasolina. Já crescida, Furiosa (Anya Taylor-Joy) cultiva a promessa de voltar para sua próspera comunidade, escondida desses terríveis vilões. Quando eles iniciam uma sangrenta luta pelo poder, ela mergulha na escalada de violência, mas sempre atenta para uma chance de fugir do caos.

Furiosa - Uma Saga Mad Max é a prequel de Mad Max - Estrada da Fúria (2015), que por sua vez marcou a retomada da saga por seu criador, George Miller, mais de 30 anos depois da trilogia estrelada por Mel Gibson nos anos 1980. Com a Furiosa adulta interpretada por uma avassaladora Charlize Theron, Miller abraçou o empoderamento feminino e realizou uma violenta ópera visual que se acoplou ao universo do herói apocalíptico. Agora, o cineasta volta ainda mais no tempo, para a origem da personagem que se tornou igualmente lendária numa Austrália destruída, inicialmente mostrada em Mad Max (1979). Furiosa: A Mad Max Saga (no original) se passa entre Mad Max: A Caçada Continua (1981) e Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (1985).

Escrito por Miller e seu parceiro do filme anterior, Nick Lathouris, o roteiro perde força ao menosprezar seus excêntricos personagens masculinos para valorizar o feminino, adivinhe, com uma espécie de “DR”. Esses diálogos, se retirados, não fariam a menor falta e tornariam a obra (de quase duas horas e meia) mais ágil. Embora não tenha o mesmo impacto da produção de 2015, que iniciou a desconstrução do cultuado herói macho, Furiosa - Uma Saga Mad Max, com sua jovem franzina espancando homens, mantém os elementos que encantam o público desde o início. Espetaculares cenários, figurinos, veículos, trilha sonora e efeitos emolduram frenéticas sequências de ação. Sim. É mais do mesmo, mas a reação se renova, felizmente. Sangue, poeira e adrenalina estão de volta e em grande estilo.

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