Duas Rainhas

Cate Blanchett concorreu duas vezes ao Oscar pela interpretação da Rainha Elizabeth I, em Elizabeth (1998) e Elizabeth: A Era de Ouro (2007), dois épicos que pintaram um extenso retrato da monarca que liderou a chamada “Era de Ouro” inglesa. Conterrânea de Cate, a australiana Margot Robbie assume o papel em Duas Rainhas. Embora o título em português seja atraente, o original sinaliza quem ganha o foco desta vez: Mary Queen of Scots.

Saoirse Ronan (Lady Bird: A Hora de Voar) dá vida à católica Mary Stuart, que em 1559 volta à Escócia, depois de ficar viúva do rei da França. O trono é seu, mas estava “guardado” pelo meio-irmão. O retorno provoca inquietação na corte inglesa, onde a protestante Elizabeth I se vê incomodada não apenas pelos falatório sobre a beleza da prima, mas pela possibilidade de ela lhe reivindicar a coroa, já que a rainha inglesa não tinha filhos – e nem os teria.

O desfecho dessa pendenga é histórico e abre o filme. São os fatos que levaram Mary Stuart a ser executada, em 1587, que recheiam o enredo. O espectador pode até esperar por um retrato do empoderamento feminino no século 16, mas não é bem o que acontece nos bastidores. Entre alianças e conchavos, um covil de parentes e conselheiros disputavam o poder entre si para, no fim das contas, garantir que as monarcas governassem sob sua custódia.  

Indicado ao Oscar de melhor figurino e melhor maquiagem/cabelo, Duas Rainhas é uma requintada produção de época, adaptada do romance de John Guy (Queen of Scots: The True Life of Mary Stuart) por Beau Willimon (roteirista de House of Cards). Apesar do luxo e do elenco estelar, há algo nesse caldo que não ferve e debito a temperatura morna à hesitante direção da estreante Josie Rourke. Imagino o que Stephen Frears (Ligações Perigosas e A Rainha) ou Yorgos Lanthimos (A Favorita) fariam com um projeto como esse. 

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