Divaldo - O Mensageiro da Paz

Muito mais despretensioso que Kardec, estreia recente do diretor Wagner de Assis, Divaldo – O Mensageiro da Paz é também a cinebiografia de um médium de trajetória inspiradora. Os dois filmes padecem do mesmo didatismo, dos diálogos empolados e do tom melodramático. Mas se a história do pai da Doutrina Espírita conta com uma requintada reconstituição da Paris do século 19, Divaldo tem a seu favor o fato de o líder humanista baiano estar vivo e atuante. Divaldo Franco completou 92 anos de idade em maio, foi consultor do diretor e roteirista Clovis Mello durante a produção e assistiu à versão ficcional da própria vida na tela grande.

É muita emoção e a responsabilidade de honrar o líder humanista se faz notar na entrega do elenco. João Bravo, Ghilherme Lobo e Bruno Garcia interpretam Divaldo na infância, juventude e idade adulta, Laila Garin faz a mãe que abre mão do filho para a filantropia e Regiane Alves é a enigmática Joanna de Ângelis, guia espiritual do protagonista. A maior e melhor surpresa, porém, é Marcos Veras (Tudo Acaba em Festa), que encontra no humor sarcástico a chave para tornar assustador o Espírito Obsessor que persegue Divaldo.

Os números dessa caminhada voltada para o bem impressionam. São mais de 270 livros publicados, alguns psicografados em idiomas como alemão e espanhol, e vendas que ultrapassam os 10 milhões de exemplares. Em 1952, Divaldo e o amigo Nilson de Souza Pereira inauguraram em Salvador a Mansão do Caminho, entidade que atende 3 mil pessoas por dia. Ali ele acolheu e educou mais de 600 filhos – órfãos ou em situação da abandono – e tem cerca de 200 netos e bisnetos. A formação dessa imensa família e a história a que o público vai ver.

Para quem não o conhecia, como eu, Divaldo é uma descoberta feliz. A cinebiografia tem seus problemas, escorrega na pieguice e é assumidamente chapa branca. Em dias tão cinzentos como os atuais, porém, uma mensagem de esperança e fraternidade é sempre bem-vinda.

Ficha Técnica

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