Damas de Preto

O cineasta australiano Bruce Beresford, que acabou de completar 80 anos neste 16 de agosto, tem uma sintonia especial com suas estrelas. Deu à Jessica Tandy o Oscar de melhor atriz pelo já clássico Conduzindo Miss Daisy (1989), filmou a bravura feminina em um campo de concentração japonês durante a Segunda Guerra no comovente Um Canto de Esperança (1997) e registrou o conflito de gerações entre avó, mãe e filha no divertido Paz, Amor e Muito Mais (2011). Agora, com Damas de Preto, filmado na sua Sydney natal e adaptado do romance homônimo de Madeleine St. John, conta como quatro mulheres assumem, cada uma à sua moda, as rédeas da própria vida.  

Em dezembro de 1959, o calor do verão chega junto do burburinho dos fregueses na loja de departamento Goode’s, já se preparando para as compras de Natal. Por isso, Lisa (Angourie Rice, Homem-Aranha: Longe de Casa), leitora voraz aspirante a atriz, no auge dos 16 anos, é contratada para reforçar a equipe de vendedoras. A seu lado estão Fay (Rachael Taylor, Ouro), que já foi bailarina e garota de programa, e Patty (Alison McGirr), ainda à espera do marido tímido acompanhar o seu ritmo na cama.

À frente de todas está a invocada gerente Magda (Julia Ormond, série Mad Men), imigrante húngara responsável pelo andar de alta-costura – e dos vestidos mais caros, claro. Magda logo percebe os predicados de Lisa e lhe abre as portas de um mundo novo. A jovem conhece os amigos da chefe, como ela imigrantes fugidos do nazismo e, alguns, do comunismo da Europa. São cultos, amantes da arte, da diversidade, da liberdade. Magda também acerta a flecha do cupido em Fay e num de seus amigos mais próximos, Rudi (Ryan Corr, Promessas de Guerra), e introduz os pais de Lisa nos pratos exóticos e nos hábitos acolhedores dos “novos australianos".  

E assim, leve e despretensiosamente, mas com apuro na reconstituição de época, direção de arte, figurino e locações, o diretor Bruce Beresford narra o delicado rito de passagem de Lisa para a juventude. Suas atrizes brilham como as Damas de Preto, cor do uniforme da Goode’s. Dessa vez, em clima de sororidade e com um toque de otimismo mais que oportuno.

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