Cry Macho: O Caminho para Redenção

Aos 91 anos, Clint Eastwood (A Mula) realiza em Cry Macho: O Caminho para Redenção uma emocionante celebração de seu legado como cineasta e de sua persona nas telas. A gente não o via em cima de um cavalo desde Os Imperdoáveis, vencedor do Oscar de melhor filme em 1993. A adaptação do romance de N. Richard Nash (coautor do roteiro) não é um western tradicional. Ambientada no Texas de 1979, a produção tem Eastwood como Mike Milo, um ex-astro de rodeio e criador de cavalos fracassado, que acata um pedido do homem que o ajudou em tempos sombrios: cruzar a fronteira com o México e lhe trazer de volta o filho adolescente, que vive com a mãe.

Rafo (Eduardo Minett) é rebelde com causa. O pai não o procura há tempos e a mãe é uma “chefona” que, tudo indica, usa o corpo do filho como mercadoria. Fugido de casa, ele vive no mundo das rinhas de galo e o seu campeão chama-se Macho. Embora os capangas da mãe estejam em seu encalço, Mike não tem maiores dificuldades na execução da missão. Para uma trama de resgate, a narrativa peca pela ingenuidade. Mas é a jornada do “garoto com o velho” que importa. Cry Macho ergue-se no encontro e na troca entre gerações.

A câmera do Eastwood diretor capta os olhos do Eastwood ator. Brilha o olhar azul penetrante que eternizou o cavaleiro solitário dos westerns spaghetti e que transformou o implacável policial Dirty Harry em ícone e herói republicano. Como minimalista contador de histórias que é, Eastwood ilumina sem delonga a queda que interrompeu a carreira de Mike e o acidente que matou esposa e filha. Há paradas no caminho da volta ao Texas, e são nesses intervalos que o protagonista veste o manto do caubói e do homem destemido para mostrar a Rafo que o verdadeiro “macho” valoriza e vivencia a sensibilidade.

É uma lição para toda a vida. O jovem observa admirado o veterano no trato com os animais e na convivência com Marta (Natalia Traven), a mexicana viúva e dona de uma cantina que abriga os dois forasteiros. Sim! O Eastwood galanteador também é homenageado. Impossível não se comover ao vê-lo de sorriso aberto e ombro arcado – fruto da idade – a dançar com Marta ao som de “Sabor a Mi”. Cry Macho é simples, até simplório. Mas Eastwood é grande mesmo quando é pequeno.

Ficha Técnica

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