Blitz

Durante uma blitz em garotos numa escola, em meio a uma súbita confusão, um menino de 12 anos é morto. O principal suspeito é o cabo Rosinha (Rui Ricardo Dias, de Lula: O Filho do Brasil), policial militar antes respeitado no bairro de periferia de São Paulo em que mora, católico fervoroso. Agora, ele é alvo de despeito e indiferença. Quando chega em casa, descobre que Heloísa, sua mulher (Georgina Castro, de Corpo Elétrico), está a ponto de deixá-lo.

Com roteiro do tio - o premiado dramaturgo Bosco Brasil (Tempos de Paz), adaptando peça de sua autoria -, o sobrinho Rene Tada Brasil estreia na direção de longa-metragem, depois de promissora performance em curtas. Com Blitz, comprometido em demasia com a natureza teatral do roteiro e sua narrativa hermética, pouco afeita às infinitas possibilidades do cinema, alçou um voo ainda rasante.

Com exceção de algumas locações mais ilustrativas do que relevantes, o filme basicamente acontece nos poucos cômodos da casa de Rosinha e Heloísa, em meio a diálogos ora calorosos, ora raivosos, ora afetivos, raramente amorosos. É no embate do casal prestes a se separar – ou não – que se constrói a história deles, marcada por uma grande perda, e se desvenda o mistério da blitz, em meio a flashbacks e palavras.

O jovem cineasta mostra talento na ambientação das cenas, na composição de seus personagens – de origem e aspirações humildes, mas fibra de lutadores - e de climas, principalmente quando dirige sua câmera para fora do ambiente da casa. E mesmo que conte com o empenho fervoroso de seus dois protagonistas, eles e o filme parecem aprisionados por sugestões e promessas, interessantes, que não chegam a se cumprir.

Ficha Técnica

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