Bird Box

O rosto tenso de Sandra Bullock preenche a tela no início de Bird Box. Malorie, sua personagem, fala firme sobre uma viagem dura e longa que farão pelo rio e ordena que, em nenhuma circunstância, retirem a venda dos olhos. Seus assustados ouvintes são duas crianças pequenas. “Se olharem, vão morrer”, ela insiste.

Começa muito bem esse suspense pós-apocalíptico que remete ao recente Um Lugar Silencioso, em que o clã formado por Emily Blunt, John Krasinski e filhos não pode dar um pio, ou todos serão mortos pelas criaturas alienígenas que caçam atraídas pelo som.

A força sombria de Bird Box é sobrenatural e quem olhar para ela comete suicídio na hora. A "caixa de pássaros" do título original é um dos poucos objetos levados pela protagonista no pequeno bote que precisa alcançar um local supostamente protegido. Os passarinhos sentem e anunciam a aproximação do mal.

O roteirista Eric Heisserer é o mesmo do excelente A Chegada e aqui adapta o romance de Josh Malerman (a obra está disponível na Saraiva e na Amazon). A diretora é a dinamarquesa Susanne Bier e quem assistiu a Em Um Mundo Melhor e Segunda Chance sabe que os laços de família estão no centro de sua obra – em Bird Box não é diferente.

A narrativa é bifurcada. No passado, às vésperas do surto suicida mundial, Malorie aparece grávida, solteira e com instinto materno nulo. A tragédia a coloca em contato com outros sobreviventes, que se refugiam em uma casa. Nesse grupo, Trevante Rhodes e John Malkovich são destaques do elenco. Essa etapa corre paralela à travessia no rio, e explica como Malorie e as crianças foram parar ali cinco anos depois. 

Bird Box é de grudar na cadeira. A tensão é constante, mas repare que a cineasta está mais interessada em investigar os efeitos da situação do que em desvendar o mistério. Seu filme, no fundo, é sobre a maternidade.

Ficha Técnica

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