As Verdades

Josué, o policial vivido por Lázaro Ramos em As Verdades, volta a Itacaré como delegado, após dois anos na capital, Salvador. Ele está no lugar de Valmir (Zécarlos Machado), que agora é candidato a prefeito, mas acaba de ser encontrado atropelado e com sinais de tortura. A história é contada a partir de três versões diferentes dos envolvidos no crime: Cícero (Thomás Aquino), um matador de aluguel, Francisca (Bianca Bin), a noiva da vítima, e o próprio Valmir, que sobrevive. Cabe a Josué desvendar quem fala a verdade.

Em cartaz nos cinemas, o thriller tem direção de José Eduardo Belmonte, que este ano já lançara Alemão 2. Essa versão tupiniquim de Rashomon (1950), clássico máximo de Akira Kurosawa inspirado no conto de Ryunosuke Akutagawa, expande o formato dos múltiplos pontos de vista. O roteiro de Pedro Furtado traz para o primeiro plano a temática da violência contra a mulher, que ganha um painel amplo e contundente. “Não é sobre quem é o criminoso, mas por que esse crime acontece. É um thriller existencial”, afirma Belonte em conversa por Zoom com OQVER.

A solução do mistério está centrada na trajetória de Francisca, objeto de desejo de Valmir, de Cícero e do próprio Josué, com quem teve um romance no passado. Se o policial é também o narrador deste autêntico filme noir, o papel da femme fatale é um enigma que envolve Francisca, sua mãe Amara (Drica Moraes, excepcional) e a policial Sâmia (Edvana Carvalho). As Verdades marca o reencontro entre Edvana e Lázaro Ramos na telona, 15 anos depois de Ó Pai, Ó. Ao lado de Belmonte na entrevista, a atriz ressalta as nuances da violência contra a mulher na trama. “A Sâmia sempre viveu ali, prestando serviço à população, mas só homens ficam no cargo de delegado”, diz. Confira nosso papo no vídeo abaixo.

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