A Pé Ele Não Vai Longe

Gus Van Sant explorou como poucos a encrenca que é ser jovem. Ergueu uma obrigatória antologia sobre o tema em filmes ora pesados, como Garotos de Programa, Paranoid Park e Elefante, ora adocicados, casos de Gênio Indomável, Encontrando Forrester e Inquietos.

O virada do milênio trouxe um Van Sant debruçado sobre biografias: Últimos Dias, sobre o líder da banda Nirvana, Kurt Cobain; Milk: A Voz da Igualdade, retrato do primeiro homem assumidamente gay a ser eleito para um cargo público na Califórnia; e A Pé Ele Não Vai Longe, em que resgata a vida e a arte do cartunista John Callahan (1951-2010).

Callahan ficou tetraplégico em um acidente de carro no fim de uma noite banhada a álcool. Ganhou fama e provocou polêmica com tirinhas em que ria da própria situação, de minorias e de outros tipos de deficiência. Politicamente incorreto ao cubo.

Joaquin Phoenix encarna com afinco esse sujeito tragicômico, mas fique de olho em Jonah Hill, que poder ser indicado ao Oscar de coadjuvante como o milionário gay que montou seu grupinho de recuperação de alcoólatras.

Vale assistir pela dupla de atores, porque Callahan não é figura conhecida dos brasileiros e dessa vez Van Sant faz um filme quadradinho, sem o vigor narrativo que o colocou no panteão dos cineastas cultuados.

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