A Casa Sombria

Beth (Rebecca Hall, Vicky Cristina Barcelona) acaba de perder o marido, Owen (Evan Jonigkeit, Juntos Mas Separados), de maneira trágica. Sem filhos, ainda não sabe se vai continuar na grande casa que ele construiu para ela às margens do Lago Skaneateles, nos arredores de Nova York. O vizinho Mel (Vondie Curtis-Hall, Harriet) e a amiga Claire (Sarah Goldberg, O Relatório) oferecem apoio, mas Beth quer lidar com o luto sozinha, o que inclui organizar os pertences do amado.

Em um caderno, encontra uma planta da casa e rememora momentos felizes, mas acha também uma planta invertida da obra, como um espelho da original. No computador, se depara com fotos de mulheres com feições semelhantes às suas, mas nada que explique a mensagem da carta de despedida dele: “você está salva”. À noite os sonhos são bizarros e tão realistas que Beth considera estar com sonambulismo. O aparelho de som começa a tocar sozinho e ela sente a “presença” de Owen.

É como suspense psicológico que A Casa Sombria se desenha, e dos bons. O espectador nunca tem certeza para que lado vai enveredar. Se para o estilo thriller de terror “tecnológico” do recente O Homem Invisível, ou para o sobrenatural. Beth sai a campo para investigar suas sósias e segredos macabros do marido começam a vir à tona. O diretor David Bruckner é o mesmo de O Ritual, e tem pleno domínio da arte de provocar medo e dar bons sustos. Mas seu filme tem um refinamento extra que dá sentido à meticulosa misen-èn-scene: Rebecca Hall.

Com um tipo clássico que serve a filmes de época (Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas), contemporâneos (Atração Perigosa) e até blockbusters de ficção científica (Godzilla vs Kong), a atriz londrina é adepta do minimalismo – nada de caras e bocas. Ao contrário, deixa a cena a envolver de forma orgânica e o fruto é sempre maduro. Ela se entrega ao desconhecido em A Casa Sombria, e quando encara a realidade do lado B da vida de Owen, a gente não desgruda dela um segundo.

Ficha Técnica

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