Virgin River

A premiada escritora norte-americana Robyn Carr é um fenômeno literário, embora não seja tão popular no Brasil como nos Estados Unidos. Para se ter uma ideia, a série Virgin River é composta por 20 romances, 11 de seus livros chegaram ao topo da prestigiada lista de best-sellers do jornal The New York Times e sua obra contabiliza 27 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Por tudo isso, pareceu no mínimo estranho a série Virgin River aterrissar na Netflix sem nenhum alarde, a não ser um post no Twitter da própria autora sobre a estreia. Mas a resposta do público, adulto aliás, foi tão imediata que a segunda temporada foi anunciada dias depois.

É para a bucólica pequena cidade de Virgin River que a enfermeira Melinda (Alexandra Breckenridge, série This is Us) decide mudar para se recuperar das duras perdas que sofreu na agitada Los Angeles. Logo ela descobre que o chalé prometido pela prefeita Hope (Annette O’Toole, série Smallville) está caindo aos pedaços, o doutor Mullins (Tim Matheson, Brinquedo Assassino) não confia em suas credenciais e a vida no interior é bem menos privada do que na cidade grande. No entanto, o ex-fuzileiro naval Jack Sheridan (Martin Henderson, o doutor Nathan de Grey’s Anatomy), dono do bar local, é bem mais acolhedor.

Se a premissa é típica de um drama romântico, a criadora da série, Sue Tenney (The Good Witch, Sétimo Céu), se assegurou de que a temporada de dez capítulos respirasse os clichês e os encantos do gênero. Por que não? Então temos as paisagens dos bosques da canadense Columbia Britânica, o charme rural das casas sem cercas ou portões, o pacato cotidiano da cidade e, o mais importante, os segredos e as idiossincrasias dos personagens principais e os enroscos das relações entre eles.

A série não pega leve nos temas de fundo, que vão de sucessivos lutos a transtorno pós-traumático, da gravidez interrompida ao recém-nascido abandonado, maus tratos, ingratidão, traição, e por aí vai, tudo girando em torno do quarteto central. Pena que a caracterização afetada da veterana Annette O’Toole para a sua prefeita quebre o bom equilíbrio entre eles - que se esforçam, de verdade, para elevar a série do patamar do mediano, e são sua maior aposta. Nesses tempos soturnos e imprevisíveis, pode ser reconfortante embarcar na aventura amorosa de Mel e Jack e nos dramas triviais de Virgin River.  

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