Tolkien

De Jane Austen a Truman Capote, passando por Oscar Wilde, Sylvia Plath, Ernest Hemingway e Virginia Woolf, são inúmeros os grandes escritores que tiveram suas vidas – ou parte delas – transportadas para o cinema. Seria estranho se J.R.R. Tolkien não entrasse logo nessa lista, dado o histórico bilionário da franquia O Senhor dos Anéis e, em menor proporção, da trilogia O Hobbit. É a raiz desse legado literário que Tolkien investiga em uma produção bem cuidada, focada nos anos formativos do britânico John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973).

Primeiro trabalho em língua inglesa do diretor finlandês Dome Karukoski, o drama tem em Nicholas Hoult (o Fera de X-Men) um protagonista elegante, rapaz discreto, que cresceu órfão de pai e mãe, e encontrou no estudo das línguas uma de suas paixões. A outra era a também órfã Edith (Lily Collins), que seria sua parceira de toda a vida.

Depois de uma passagem rápida pela infância, a trama se alterna entre dois tempos: o da rotina de estudos em Oxford, onde Tolkien formou uma confraria cultural com três colegas e época em que engatou o romance com Edith, e sua experiência na Primeira Guerra. É ali, nas trincheiras, que as batalhas da Terra Média ganham significado. O vilão Sauron e o dragão Smaug tomam forma em visões oníricas e belamente filmadas.

Ao esmiuçar apenas um extrato dos 81 anos de vida do celebrado autor, Tolkien não cai na armadilha de querer abraçar o mundo. Por outro lado, não vai a fundo nas origens de uma obra monumental, que influenciou marcos literários como Harry Potter e Game Of Thrones. É um retrato digno e esclarecedor, porém convencional.

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