O Escolhido

A Netflix tem investido forte em séries brasileiras, com títulos recentes como 3%, O Mecanismo e Coisa Mais Linda. A mais nova da safra, O Escolhido é também a primeira no gênero suspense, e com toques sobrenaturais. Ambientada no Pantanal mato-grossense – embora as filmagens tenham sido no Tocantis –, a história contrapõe fé e ceticismo, ciência e religião.

Lúcia (Paloma Bernardi), Damião (Pedro Caetano) e Enzo (Gutto Szuster) são médicos que trabalham no combate ao vírus da Zika. A próxima campanha de vacinação será em Aguazul, um vilarejo isolado e tão avesso a visitantes que os três se deparam com barreiras e avisos de “afaste-se” pelo caminho. Há uma aura de mistério nesse lugar silencioso, cuja conservadora e patriarcal comunidade segue cegamente os mandos de um líder chamado O Escolhido, que teria o poder da cura.

Lúcia, a chefe da equipe médica, não aceita a recusa geral em tomar a vacina – um representante do Escolhido alega que ninguém ali fica doente, nunca. A presença da trinca de forasteiros vai desencadear mudanças drásticas. Os seis episódios da primeira temporada são dirigidos por Michel Tikhomiroff, do thriller Confia em Mim e da série O Negócio (2013-2018). Em cada capítulo, um dos personagens principais ganha flashbacks em preto e branco, com fatos do passado que poderiam elucidar o comportamento no presente, mas a artimanha narrativa nem sempre acrescenta.

Renan Tenca, intérprete do Escolhido, é um tipo enigmático e defende bem esse homem ambíguo que ora parece ter um dom divino, ora dá indícios de charlatanismo. Os outros personagens são unilaterais, caricatos até, mas o elenco entra no ritmo do suspense e há sequências enervantes, principalmente nas entranhas da floresta. O Escolhido deixa o espectador com a pulga atrás da orelha, o que é ótimo, e há ganchos que pedem uma segunda temporada. Que venha!

Ficha Técnica