O Assassino de Valhalla

Uma mulher respira ofegante dentro do que parece ser um porta-malas e, com esforço, pega uma chave de ferro. Guarde essa imagem. O Assassino de Valhalla volta 12 dias para mostrar como a policial Kata (Nína Dögg Filippusdóttir) foi parar ali, e segue em alta adrenalina pelos 8 episódios de cerca de 50 minutos cada. A pacata rotina da Islândia, país que tem uma das mais baixas taxas de criminalidade do planeta, é abalada pela morte de um homem a facadas, inclusive nos olhos. E logo em seguida surge outra vítima, com as mesmas características.

Kata assume o caso, mas só a chance de haver um serial killer pela região faz o governo chamar ajuda da Noruega. Vem de Oslo o investigador Arnar (Björn Thors), nascido e crescido na Islândia, mas há anos distante. Tanto Kata quanto Arnar tem seus problemas pessoais, ela com o ex-marido e o filho adolescente, ele com a família toda, principalmente com o pai. Essas tramas paralelas servem de respiro para o intrincado enredo policial, e as primeiras pistam mostram um elo entre os assassinatos e um desativado reformatório para meninos chamado Valhalla.

A paisagem gélida (a temperatura no verão não passa dos 13 graus) se reflete tanto no estilo contido dos personagens quanto na paleta de cores sóbrias dos cenários e figurinos. Diferente das séries policiais hollywoodianas, não há aquela típica camaradagem ou as piadinhas provocativas entre a dupla de policiais. São as atitudes inesperadas que deixam transparecer o carinho e a abnegação que Kata e Arnar têm um pelo outro. Mas essa gente também não é de ferro e são nos raros rompantes emocionais que o público do nosso continente tropical deve se conectar melhor com os protagonistas.

Uma antiga fotografia serve de guia para desvendar a identidade do criminoso e aqueles tradicionais painéis com recortes de jornais, fotos, mapas e stickers começam a revelar histórias escabrosas envolvendo os garotos internos em Valhalla. Apesar das mutilações nas vítimas – o número de mortos aumenta gradativamente -, a violência não é explícita nem gráfica. O criador da série, o estreante Thordur Palsson, é adepto do minimalismo e conta com a imaginação do espectador para criar seu próprio espetáculo de horrores.

Ficha Técnica

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