Collateral

Dramaturgo, roteirista indicado ao Oscar (por As Horas e O Leitor), diretor de teatro e cinema, o veterano David Hare é a mente por trás de Collateral, minissérie policial britânica com quatro episódios. A partir da morte de um entregador de pizza, ele entrelaça uma variada gama de personagens para traçar um painel crítico da Inglaterra contemporânea. A policial encarregada do caso é Kip Glaspie, interpretada por uma Carey Mulligan (As Sufragistas) realmente grávida durante as filmagens. Recém-promovida a investigadora, a ex-atleta e ex-professora tem faro aguçado e saca de cara que o crime foi premeditado.

A vítima é identificada como um imigrante ilegal, e o enredo revela logo de quem veio o tiro – só para o espectador. Esse jogo às claras abre uma série de possibilidades dramáticas, que envolve policiais, refugiados, militares, agentes do MI5, religiosos e políticos. Cuida-se pouco da vida privada da protagonista, que fica os quatro dias que duram a trama praticamente sem dormir e sem voltar para casa. Ela quer fazer bonito em seu primeiro grande teste na corporação. Existe um conflito de egos entre Kip e seu colega (Nathaniel Martello-White), mas nada sério.

Há mais atribulação ao redor do político (John Simm, série Doctor Who), membro do partido de oposição e que defende uma abertura maior das fronteiras. A ex-mulher (Billie Piper, série Doctor Who) e mãe de sua filha é completamente desequilibrada e foi quem recebeu a pizza. Ele ainda faz elo com a única testemunha do crime, uma vietnamita – também ilegal – que vive com uma vigária (homossexualidade na igreja também está em pauta), de quem é muito próximo.

A personagem mais complexa é a capitã do exército (Jeany Spark), que sofre de estresse pós-traumático, tem graves problemas familiares e sofre assédio de um superior. Isso sem falar na suspeita gerente da pizzaria, que pode ter mandado o rapaz fazer a entrega de propósito. As mulheres estão em destaque em Collateral e são conduzidas com pulso forte pela diretora S.J. Clarkson (da série Life on Mars). Não há grandes reviravoltas na solução do caso, mas os personagens, todos eles, despertam interesse e mereciam uma segunda rodada para se desenvolver melhor.

Ficha Técnica

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