O Conto

É realmente notável a estreia de Jennifer Fox, documentarista de sucesso, na ficção. O Conto foi destaque na temporada de prêmios, com indicações ao Globo de Ouro (melhor atriz para Laura Dern) e Emmy (melhor filme e atriz), entre outros. Baseada na própria vida, ela narra a cruzada de Jennifer (Laura Dern, de Big Little Lies) atrás dos fatos narrados em uma redação que escreveu na adolescência, sobre abuso sexual. Quem envia para Jennifer o texto é sua mãe (a veterana Ellen Burstyn, de A Incrível História de Adaline), após encontrá-lo numa caixa de guardados que a filha deixou em sua casa.

Antes de tudo, um aviso: as cenas de abuso sexual foram filmadas com dublê, embora o registro por vezes documental do filme dê a impressão do contrário. A cineasta fez um docudrama (subgênero que combina documentário e drama) contundente, perturbador, honesto, mas contido, da sua própria investigação sobre o abuso sexual que sofreu.

É preciso destacar o extraordinário domínio narrativo da linguagem cinematográfica sobre um assunto tão íntimo, próximo e delicado para a cineasta, que agrega sentidos ao filme em cada detalhe, enquadramento, cena ou sequência.

Jennifer vai e volta no tempo, refaz percursos e situações, compara extratos da realidade. Também encontra e conversa com as pessoas envolvidas no “caso” no tempo atual, mas também as “entrevista” no passado. Conversa consigo mesmo através delas. O Conto não é para estômagos fracos, é um tratamento o mais realista possível para um tema tão delicado como o abuso sexual e a pedofilia. Necessário. 

Ficha Técnica

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