Mormaço

Misture As Boas Maneiras, de Marco Dutra, com Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé, e adicione Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. O resultado é Mormaço, da cineasta Marina Meliande. Na trama ambientada às vésperas das Olimpíadas de 2016, a carioca Ana (Marina Provenzzano) é uma defensora pública que se divide entre o caso de despejo da comunidade de Vila Autódromo e dos condôminos do prédio onde mora, pressionados a sair por uma construtora que pretende demolir o edifício para erguer um hotel.

Embora Ana tome as dores dos vizinhos e atue contra a especulação, ela engata um romance com Pedro (Pedro Gracindo, filho do ator Paulo Gracindo Jr.), o encarregado de conduzir a mudança dos moradores. Nesse cenário de confronto, a protagonista começa a desenvolver uma misteriosa doença de pele que provoca manchas de textura grotesca.  

A narrativa tem um ponto de partida naturalista, com uso de imagens documentais e participação de habitantes da Vila Autódromo – hoje uma área usada como estacionamento. Aos poucos, porém, Mormaço migra para a fábula de terror. Marina é diretora estilosa, mas neste seu primeiro longa solo ela privilegia a estética em detrimento dos personagens. Tá certo que o enredo é engajado e aberto a interpretações, mas soa datado e as boas intenções de Ana não parecem sedimentadas a ponto de afetar sua saúde. Aviso: o desfecho é de embrulhar o estômago.

Ficha Técnica

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