Cézanne e Eu

Já está disponível em streaming No Portal da Eternidade, que rendeu indicação ao Oscar2019 para Willem Dafoe, pela interpretação de Vincent van Gogh na trama sobre a parceria do pintor com Paul Gauguin (Oscar Isaac), outro mestre das artes plásticas. Assim como Van Gogh, seu contemporâeno Paul Cézanne (1839-1906) foi um gênio incompreendido, que morreu sem sonhar com a monumental valorização de sua obra no futuro.

Cézanne e Eu é também uma história de amizade, desta vez entre um mestre da pintura e outro das letras, o primeiro da arte pós-impressionista, o outro da literatura naturalista. Cézanne (Guillaume Gallienne, de Yves Saint Laurent) era criança quando defendeu Émile Zola (Guillaume Canet, de Vidas Duplas) em uma briga na escola de Aix-en-Provence, na Provença, Sul da França. Tornaram-se inseparáveis.

Ao contrário de Cézanne, de família rica, Zola perdeu o pai cedo e precisou cair no batente para ajudar a mãe. A disparidade econômica foi determinante nos rumos da carreira de cada um, e motivo de desavenças – o pintor invejava a consagração do autor de Germinal, enquanto permanecia dependente do dinheiro dos pais. Na visão da roteirista e diretora Danièle Thompson (Uma Lugar na Plateia), a relação azedou por causa de Alexandrine (Alice Pol), de início namorada de Cézanne e amor platônico de Zola.

Mais de 40 anos de companheirismo, competitividade, rixas, reaproximações e afastamentos ganham a tela como um “bromance” de época. A carreira literária de Zola fica em segundo plano diante das frustrações artísticas de Cézanne. A cineasta faz bom uso da fotografia, com o registro das belíssimas paisagens que inspiraram famosas telas do artista. Atente para a presença de coadjuvantes célebres, que faziam parte da roda social parisiense: o escritor Guy de Maupassant e os pintores Pissaro, Renoir, Bazille e Édouard Manet.

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